podia ser assim: a tua mão a descer pelo meu corpo sossegado da insónia. a decompor-me em significados. do poema a pensar-te. e partir-te a vontade de partir.
é o rio, é a luz. é o oceano, que não chega à profundidade dos teus olhos. é o teu reflexo onde a respiração nos é mais fácil. é o arrastar da memória pelos dias, onde mergulho em ti. é o alongar até ao maior milímetro possível da raiz de toda a saudade, o ciclo que se encerra em estilhaços de vidro.
podia ser o poema dos teus braços, que eu deixo ir
que voltam sempre
se me chamares eu vou.
eu vou.
vou...
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
foi de repente. nasceu de um vazio o que nada importa, como se tudo o que existe se suspendesse na tua boca. nasceu de fora das coisas para dentro da memória. como se violentamente o amor nos arrancasse o medo. o amor para lembrar o amor e como ele tem feito sentido e, sem enfraquecer, nos consumisse o ar.
assim nascem as cores, assim saboreio poesias e mergulho no desconhecido. recalculo rotas aleatórias, ansiosa pela liberdade das margens do horizonte.
mas foi de repente. nasceu assim, dum olhar que volta, em dias de pássaros, quando espero os teus beijos, que me visitam as manhãs.
#um_ano_depois
#HardRockCafeLx
assim nascem as cores, assim saboreio poesias e mergulho no desconhecido. recalculo rotas aleatórias, ansiosa pela liberdade das margens do horizonte.
mas foi de repente. nasceu assim, dum olhar que volta, em dias de pássaros, quando espero os teus beijos, que me visitam as manhãs.
#um_ano_depois
#HardRockCafeLx
Podes dizer ao mundo inteiro que estas letras são tuas. Assim como os desenhos que fiz, os espaços que deixei.
Podes dizer a toda a gente que um dia te amei e que foste tu quem me fez poeta. Podes nadar em orgulho ao saber que todos os copos que bebi foram por ti. Que os cigarros que fumei
ansiosa e apressadamente foram pela saudade do teu corpo.
Quando falarem de raios e relâmpagos, de trovões e de tufões, vais poder dizer que fui eu quem fez a China, quem ergueu muralhas e deitou as lágrimas de sangue.
Quando te perguntarem se um dia me conheceste, diz que sim.
Responde um afirmativo de poder e de vontade. Podes deixar o medo do conhecimento alheio, agora que te sou realmente alheia.
Quando um dia o mundo se desfizer verdadeiramente em estações trocadas - o Verão pelo Outono ou o Inverno pela Primavera - aí podes descansar.
Podes contar à galáxia e aos seus sobreviventes que, meu eterno desconhecido, um dia me fizeste rainha.
José Eduardo Agualusa
Podes dizer a toda a gente que um dia te amei e que foste tu quem me fez poeta. Podes nadar em orgulho ao saber que todos os copos que bebi foram por ti. Que os cigarros que fumei
ansiosa e apressadamente foram pela saudade do teu corpo.
Quando falarem de raios e relâmpagos, de trovões e de tufões, vais poder dizer que fui eu quem fez a China, quem ergueu muralhas e deitou as lágrimas de sangue.
Quando te perguntarem se um dia me conheceste, diz que sim.
Responde um afirmativo de poder e de vontade. Podes deixar o medo do conhecimento alheio, agora que te sou realmente alheia.
Quando um dia o mundo se desfizer verdadeiramente em estações trocadas - o Verão pelo Outono ou o Inverno pela Primavera - aí podes descansar.
Podes contar à galáxia e aos seus sobreviventes que, meu eterno desconhecido, um dia me fizeste rainha.
José Eduardo Agualusa
esse teu sorriso. como se fosse um abraço, um beijo.
deixo-me entorpecer pela brandura
relembrar-te onde estaria hoje
se o ontem não tivesse corrido por ti.
esperar no intervalo do tempo
que a doçura me tome no amanhã
nas tuas mãos, nos teus cabelos, no teu sexo, no teu coração.
forte, esta âncora que se ouve gemer cá-de-dentro
deixo-me entorpecer pela brandura
relembrar-te onde estaria hoje
se o ontem não tivesse corrido por ti.
esperar no intervalo do tempo
que a doçura me tome no amanhã
nas tuas mãos, nos teus cabelos, no teu sexo, no teu coração.
forte, esta âncora que se ouve gemer cá-de-dentro
estremeço desde o princípio do meu rosto
desde o momento em que sorri e me sorriram
e é nesse lugar ínfimo que suspendo todas as palavras
que fecho os olhos e sinto a frescura de todas as águas
o oceano (...)
é aqui que em silêncio se bordam os calendários
dias entre dias e sobre dias e as memórias que escapam
e não mais se alcançam se não nos tornamos menores
– no futuro não há esquecimento nem segredos
cada coração guarda apenas o que for mais comum
Vasco Gato
desde o momento em que sorri e me sorriram
e é nesse lugar ínfimo que suspendo todas as palavras
que fecho os olhos e sinto a frescura de todas as águas
o oceano (...)
é aqui que em silêncio se bordam os calendários
dias entre dias e sobre dias e as memórias que escapam
e não mais se alcançam se não nos tornamos menores
– no futuro não há esquecimento nem segredos
cada coração guarda apenas o que for mais comum
Vasco Gato
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Carlos Drummond de Andrade
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