quarta-feira, 17 de outubro de 2018
Cenas que me encanitam os nervos l
- pessoas que durante as consultas "descascam" as unhas de gel e vão deitando os pedaços para o chão.
Cenas que me encanitam os nervos II
- pessoas que passam a mão ao longo dos seus bicharocos e atiram os tufos para o chão.
Cenas que me encanitam os nervos III
- pessoas que teimam em passar para a zona onde tenho o material para trabalhar e que é do outro lado da marquesa.
Coisas que me encanitam os nervos IV
- pessoas que catam pulgas e carraças nos seus cães e atiram para o chão da sala de espera.
Cenas que me encanitam os nervos V
- pessoas que teimam em usar pulseiras metálicas que batem constantemente na marquesa durante a consulta.
[antes de entrares]
existe um tempo de lágrimas que não deverão ser faladas. doem-me as noites em que o avesso da história dos teus braços se ausenta. consentimos na persistência da memória. somamos à vida a ternura do mar que começa. respira-se com outra cadência: são os dias a encolher nas mãos, é a doçura das palavras presas ao rodapé do teu corpo. o mundo que acontece dentro dos versos, é o teu rosto encostado na expressão das noites, é toda uma vida construída nas ruas que nos percorrem.
novamente, preciso de uma pele para escrever que silencio a vontade pelos recantos da vida.
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