quinta-feira, 27 de agosto de 2020
desconstruir, um poema. na pele. à luz.
depois do poema, o amor. depois do fechar das pálpebras, o nascer do beijo.
ouviste? é o calor que me persiste na garganta, o calor de um corpo inteiro.
lembras-te? das palavras que dizem que deverias adormecer na doçura dos cabelos ao encontro dos meus dedos.
sabes? percorro a vida na ideia de que és a minha certeza, que sou a tua.
ouviste? deita-me nos teus lábios, enquanto o tempo se faz de novo lá atrás, o amor se desconstrói, e a minha pele se veste, lentamente, da tua.
quinta-feira, 7 de maio de 2020
domingo, 26 de abril de 2020
a solidão e o silêncio - palavras que não te ancoram à realidade. que escrevem naufrágio nas decisões conjugadas. quando ainda há futuro em cada gesto, quando o coração sem verdade se encosta na expressão da noite. há as marés que nascem do teu olhar, das tuas mãos
{ que sabem a abraços }
e aquietam a pele.
sou daí, desse lugar estranho que é o amor, que é quase apenas um pressentimento do nosso desassossego
{da nossa cumplicidade que é uma mão que se enviesa no limite das palavras}.
entre a saliva e o sangue há, de certeza, muitas viagens sofridas no interior da antecipação, que é ter dos afectos
o logro da inocência. o meu corpo e as palavras que dançam por entre silêncios e a solidão, que escrevem um sono que ambiciona o fim
{ somar à vida o sabor o futuro apalavrado }.
e um dia, descobre-se algo dentro de nós, a verdade distorcida de quem somos - e dói - enquanto se suspende a respiração como se a vida já não nos pertencesse, como se o atalho mais curto para o destino se quebre, por fim, na possibilidade do regresso.
o coração, que se detém no que não acontece, quando te trago tão longe daqui.
o pulso, onde os dias se estrangulam em regressos.
as linhas das mãos, onde se escrevem as coisas por nomear.
{ se eu não tivesse esta mania irritante de que tudo pode ser mais simples, e de que o recomeço é o ensaio de coisas por nomear}
quarta-feira, 22 de abril de 2020
faltou-nos saber com que feitio amanhece o corpo. a manhã na lufa-lufa e ausência - se lhes gritasse:
"o amor entranha-se na mais pequena porção do espaço"
saberiam que falo do meu corpo?...
preciso do respirar, da pele. das margens dum rio por entre o amor desenhado
[o toque dos teus dedos nas minhas palavras]
queria apenas um lugar rodeado de sombra e ausência. perto dum tempo feito de palavras , sono e ausências. o desalinho
que percorre lentamente as margens de rios por entre as linhas das minhas mãos.
quarta-feira, 15 de abril de 2020
previsão do estado do corpo para hoje:
- os olhares perdem-se junto das árvores caducas
- sopra com toda a força o que nasce de um encontrão dum vento
- toda a paisagem que atravesso dá a volta ao mundo na ternura dos teus olhos
- choverá muito, eu sei, quando se desfazem as palavras ao ler-te na pele.
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