terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Poro a poro vou sendo o curso de água
da tua língua demasiada
e lenta

Natália Correia


às vezes os dias não cabem nas horas. escala-se o tempo na medida da vontade de desalinhar o reflexo no espelho, de desalinhar os passos. é parecido com os sorrisos que nascem, com o poema por nascer, das palavras que te vou pedindo emprestadas - do teu peito para o meu, onde te demoras.
tudo se perde no sentido do casulo que se desfaz, de cada vez que nasço quando me traças nas linhas que se perdem nos rasgos das tuas mãos.
o amor é esta noite onde nos demoramos na ânsia da âncora, na espera das vagas, que nos desenhem o caminho.