domingo, 29 de dezembro de 2019

Star Wars Cookie Jar = come to the dark side of the cookies
"não há uma forma fácil de dizer isto, por isso vou dizê-lo sem rodeios: conheci uma pessoa. foi um acidente, não estava à procura disto. uma autêntica tempestade. ela disse qualquer coisa, eu respondi. depois lembro-me de querer passar o resto da minha vida dentro daquela conversa. talvez ela seja a mulher da minha vida. pelo menos é completamente louca e está sempre a fazer-me rir. (...) essa pessoa és tu. (...) não sei o que nos vai acontecer e não sei por que deves depositar alguma esperança em mim. mas... tu cheiras tão bem, como cheiram as casas, e fazes um café delicioso. isto tem de significar alguma coisa, certo? [Californication]

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

É Natal, nunca estive tão só. Nem sequer neva como nos versos do Pessoa ou nos bosques da Nova Inglaterra. Deixo os olhos correr entre o fulgor dos cravos e os diospiros ardendo na sombra. Quem tem assim o verão dentro de casa não devia queixar-se de estar só, não devia. Eugénio de Andrade

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

era já dia quando separei os sonhos. o céu aberto com cheiro de alecrim e do sabor ao teu contorno. "há pássaros que esvoaçam por entre canções perdidas"
eu achava que queria ser poeta, mas no fundo queria ser poema Jaime Gil de Biedma

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

a cake a day, keeps the sadness away
O mistério é só este: involuntária e atenta , a fruta adoça-se. Herberto Helder
A minha maneira de amar-te é simples: aperto-te a mim como se tivesse um pouco de justiça no coração e ta pudesse dar com o corpo Quando te revolvo os cabelos algo de lindo nasce das minhas mãos E não sei quase mais nada. Aspiro apenas a estar contigo em paz e a estar em paz com um dever desconhecido que às vezes me pesa também no coração Antonio Gamoneda
I E sobretudo olhar com inocência. Como se não se passasse nada, o que é certo. II Mas a ti quero olhar-te até que o teu rosto se afaste do meu medo, como um pássaro do limite afiado da noite. III Como uma menina de giz cor-de-rosa num muro muito velho subitamente apagada pela chuva. IV Como quando se abre uma flor e revela o coração que não tem. V Todos os gestos do meu corpo e voz para fazer de mim a oferenda, o ramo que o vento abandona na soleira. VI Cobre a memória da tua cara com a máscara daquela que serás e assusta a menina que foste. VII A noite dos dois dispersou-se com a neblina. É a estação dos alimentos frios. VIII E a sede, a minha memória é da sede, eu em baixo, no fundo, no poço, eu bebia, recordo. IX Cair como um animal ferido no lugar que seria de revelações. X Como quem não quer a coisa. Nenhuma coisa. Boca cosida. Pálpebras cosidas. Esqueci-me. Lá dentro o vento. Tudo fechado e o vento lá dentro. XI Sob o negro sol do silêncio douravam-se as palavras. XII Mas o silêncio é certo. Por isso escrevo. Estou só e escrevo. Não, não estou só. Há aqui alguém que treme. XIII Ainda que diga sol e lua e estrelas refiro-me a coisas que me acontecem. E o que desejava eu? Desejava um silêncio perfeito. Por isso falo. XIV A noite tem a forma de um grito de lobo. XV Delícia de perder-se na imagem pressentida. Levantei-me do meu cadáver, fui à procura de quem sou. Peregrina de mim, fui até àquela que dorme num país ao vento. XVI Minha queda sem fim minha queda sem fim onde ninguém me esperou pois ao olhar para quem me esperava outra não vi senão a mim mesma. XVII Algo caía no silêncio. A minha última palavra foi eu,embora me referisse à aurora luminosa. XVIII Flores amarelas constelam um círculo de terra azul. A água treme cheia de vento. XIX Deslumbramento do dia, pássaros amarelos na manhã. Uma mão desata as trevas, arrasta a cabeleira de uma afogada que não pára de caminhar pelo espelho. Voltar à memória do corpo, hei-de regressar aos meus ossos de luto, hei-de compreender o que diz a minha voz. Alejandra Pizarnik tradução maria sousa
I like the smell of paper - all kinds. It reminds me of the scent of skin. Go on. Use my body like the pages of a book. Of your book. (the pillow book)
"O seu coração não é a pilhas, é a energia solar. À venda numa loja de peças usadas, colocado na secção dos artigos com defeito, continua por comprar. Adiado por ninguém querer um coração que demora a aquecer." menina limão
Esse teu mundo, de que te orgulhas tanto, não sei se tem a paz do ramo seco onde a lagarta faz o seu casulo. O corpo, é certo, «todo de olhos feito», é o mais belo e mais sensível fruto da natureza, e a todos causa espanto; e tens, dentro do crânio, um arbusto pensante, prodígio de design e invenção, com que às vezes tu pensas, outras não. E a tua voz, concedo, tem do mel toda a doçura, e o veneno, e não a alcança o chão cantar do grilo, nem o silvo vulgar de aves volantes. Mas vejo como o escondes, esse corpo, e o julgas precioso e permanente, e como perde o brilho com a idade, e se desfaz em nada, de repente; como o mutilas, em silêncio e medo e recusas, e tratos, e contratos, e assim de dia a dia te transformas em fumo fátuo sem calor nem chama. Não assim nós. A vã formiga, mesmo, carregando penedos e montanhas, é mais forte que tu, e mais discreta, e o cru automatismo que vês nela é só mudo louvor da natureza. E tu, da tua voz, a doce, o que fizeste? Que lâminas e pregos lhe puseste; de que arame farpado a rodeaste? Enquanto calados, nós, não nos mentimos tanto. Não que sejamos santos; também eu, o mais sábio de todos os insectos (aracnídeo seria mais correcto; faço-me aqui servir do que me excede), asceta, anacoreta, e confessado adepto de rigorosa dieta vegetal por respeito da vida no universo, às vezes, numa raiva de apetite, lanço os meus fios de caça, e apanho algum bicho menor, algum mosquito, a consumir, de preferência, em verso. Mas vê: está vazio o casulo, aberto por uma ponta, em círculo perfeito, e da lagarta só ficou um resto de pele morta, branca como a tua; vem tu, humano, transformar-te em ave, sem temor nem cautela, e em silêncio; já a conversa fez que me escapasse o voo inaugural da borboleta. António Franco Alexandre
Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece... Clarice Lispector

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Fair treatment is a basic right in the #EU. It is illegal to discriminate on the grounds of a person's age, disability, gender, race, religion or sexual orientation. Yet only one-third of EU citizens are fully aware that they are legally protected against #discrimination. Share it. Fight it! The EU is supporting an information campaign "For diversity. Against discrimination" across Europe, to make more people aware of their rights and responsibilities. Check it out! http://ec.europa.eu/justice/discrimination/awareness/index_en.htm

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

(...) Mas a cada gesto que faziam um pássaro nascia dos seus dedos e deslumbrado penetrava nos espaços. E. A.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Envio-te mensagens telepáticas que repito sete vezes seguidas. Há palavras gastas que não escrevo nem digo há tanto tempo, como: Amo-te muito. Meu amor, que saudades, vem depressa. E outras ainda mais gastas que digo todos os dias, como : Foda-se esta merda (somos do norte e não somos castos nem cautos na linguagem) Inês Lourenço

sábado, 7 de dezembro de 2019

Coloca uma palavra no vale da minha nudez e planta florestas de ambos os lados, para que a minha boca fique toda à sombra. Ingeborg Bachmann
ando por vezes de coração nas mãos. que é onde os corações pertencem, parece-me

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! say it! ................... please?
mãos frias coração quente uma coisa compensa a outra Yes, I do believe in something. I believe in being warmhearted. I believe especially in being warmhearted in love, in fucking with a warm heart. I believe if men could fuck with warm hearts, and the women take it warmheartedly, everything would come all right. It’s all this coldhearted fucking that is death and idiocy. D. H. Lawrence, Lady Chatterley's Lover

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Se cada dia cai, dentro de cada noite, há um poço onde a claridade está presa. Há que sentar-se na beira do poço da sombra e pescar luz caída com paciência. _Pablo Neruda, in ‘Últimos Poemas’
Quando para sempre é amanhã - E até quando pensa o senhor que podemos continuar neste ir e vir de um caralho? - perguntou-lhe. Florentino Ariza tinha a resposta preparada há já cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com todas as suas noites. - Toda a vida - disse. _Gabriel García Marquez, amor nos tempos de cólera Toda a vida, é sempre muito pouco
"and i go where the trees are" _joanna newsom, en gallop
Brochantite and Linerite
http://www.irocks.com/minerals/specimen/13189

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Esse teu mundo, de que te orgulhas tanto, não sei se tem a paz do ramo seco onde a lagarta faz o seu casulo. O corpo, é certo, «todo de olhos feito», é o mais belo e mais sensível fruto da natureza, e a todos causa espanto; e tens, dentro do crânio, um arbusto pensante, prodígio de design e invenção, com que às vezes tu pensas, outras não. E a tua voz, concedo, tem do mel toda a doçura, e o veneno, e não a alcança o chão cantar do grilo, nem o silvo vulgar de aves volantes. Mas vejo como o escondes, esse corpo, e o julgas precioso e permanente, e como perde o brilho com a idade, e se desfaz em nada, de repente; como o mutilas, em silêncio e medo e recusas, e tratos, e contratos, e assim de dia a dia te transformas em fumo fátuo sem calor nem chama. Não assim nós. A vã formiga, mesmo, carregando penedos e montanhas, é mais forte que tu, e mais discreta, e o cru automatismo que vês nela é só mudo louvor da natureza. E tu, da tua voz, a doce, o que fizeste? Que lâminas e pregos lhe puseste; de que arame farpado a rodeaste? Enquanto calados, nós, não nos mentimos tanto. Não que sejamos santos; também eu, o mais sábio de todos os insectos (aracnídeo seria mais correcto; faço-me aqui servir do que me excede), asceta, anacoreta, e confessado adepto de rigorosa dieta vegetal por respeito da vida no universo, às vezes, numa raiva de apetite, lanço os meus fios de caça, e apanho algum bicho menor, algum mosquito, a consumir, de preferência, em verso. Mas vê: está vazio o casulo, aberto por uma ponta, em círculo perfeito, e da lagarta só ficou um resto de pele morta, branca como a tua; vem tu, humano, transformar-te em ave, sem temor nem cautela, e em silêncio; já a conversa fez que me escapasse o voo inaugural da borboleta. António Franco Alexandre (in Aracne, Assírio e Alvim)
"O seu coração não é a pilhas, é a energia solar. À venda numa loja de peças usadas, colocado na secção dos artigos com defeito, continua por comprar. Adiado por ninguém querer um coração que demora a aquecer." menina limão
ANÚNCIO: Senhora míope procura cavalheiro com astigmatismo para troca de pontos de vista.
monachopsis n. the subtle but persistent feeling of being out of place, as maladapted to your surroundings as a seal on a beach—lumbering, clumsy, easily distracted, huddled in the company of other misfits, unable to recognize the ambient roar of your intended habitat, in which you’d be fluidly, brilliantly, effortlessly at home.
como há palavras que não se dizem, digo-te que viverei neste mundo com esta vontade de te querer sem limites
Por um desvio semântico qualquer, que os filólogos ainda não estudaram, passámos a chamar manhã à infância das aves. De facto envelhecem quando a tarde cai e é por isso que ao anoitecer as árvores nos surgem tão carregadas de tempo. Fruto, Carlos de Oliveira
Si quieres puede ser puro Pero para mí puro es salvaje Como el primer día del sol. — em (http://anateresabarboza.blogspot.pt).
nowhere is [also] a place [in people's heart]
"Não venhas tarde!", Dizes-me tu com carinho, Sem nunca fazer alarde Do que me pedes, baixinho "Não venhas tarde!", E eu peço a Deus que no fim Teu coração ainda guarde Um pouco de amor por mim. Carlos Ramos
noite do teu tão bonito sorriso solto, perdido horizonte e madrugada o riso o arco da madrugada o porto Nada Navegar... Caetano Veloso
Frigideira minha, frigideira minha! Há cozinha mais desarrumada que a minha?

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

abraça-me. para quando a manhã crescer dos teus braços, se apague o medo com o chilrear dos pássaros.
sem te saber perguntar pela ausência, descoses palavras na melodia dum instante; não te iria dizer que me provocas tempestades que se entranham nas crateras da pele.