segunda-feira, 27 de agosto de 2018

o corpo
e
a
forma
do
poema.
intenso como só o desejo recortado na minha pele. este amor em forma liquida, na travessia do tempo onde se geram os ritmos. os teus gestos no meu corpo, entrelaçados. a minha lingua que se escreve na tua pele. este avesso das palavras, na escuta das tuas mãos

[a desenhar o côncavo do meu corpo]

perco os olhos nos movimentos de ida e volta, enquanto murmuro nos poros da tua pele, com o entardecer dos meus lábios - as mãos desassossegadas, butterflies a sussurrarem-me o ventre - a linha da anca onde mergulham o quente dos teus dedos.
é este amor táctil, em que me lembro de ti em mim, onde se libertam as imagens nos dedos

[memórias em forma repeat que me encerram os olhos]

abracei-te no meu colo

[as tuas mãos mergulhadas nas minhas],

onde me sinto pequenina. na sombra dos meus cabelos. a fazer planos - desencontrados - na intensidade do momento

Um desejo ao cair da tarde / saber-te perto é uma nesga de céu onde se escreve o mundo todo. Saio devagar, as palavras descalças percorrendo o lugar, o silêncio desenhando um quotidiano de paredes nuas [aguarelas / uma forma de alegria]. Existe um caminho solitário [por dentro de mim] num recanto de uma sala qualquer onde se escreve o lado quente das tuas mãos.

F. Vieira