sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

You are here. You are. (Laura Makabresku)
Dispo-me de ti, com as raízes a atravessarem-me a pele. Afinal somos feitos de metamorfoses
De vez em quando a insónia vibra com a nitidez dos sinos, dos cristais. E então, das duas uma: partem-se ou não se partem as cordas tensas da sua harpa insuportável. No segundo caso, em que não se dorme pensa: «o melhor é voltar-me para o lado esquerdo e assim, deslocando todo o peso do sangue sobre a metade mais gasta do meu corpo, esmagar o coração». Carlo de Oliveira
Erna and Hrefna, by Ariko Inaoka
Onde há quem tenha a pele tenho a memória, sepultura nenhuma atingirá profundidade igual à desta nudez com quem a pele sempre tem sido hospitaleira. Luís Miguel Nava
se eu me espreguiçar assim, vais perceber que te peço um beijo?
Onde há quem tenha a pele tenho a memória, sepultura nenhuma atingirá profundidade igual à desta nudez com quem a pele sempre tem sido hospitaleira. Luís Miguel Nava
Mudança de estação para te manteres vivo - todas as manhãs arrumas a casa sacodes tapetes limpas o pó e o mesmo fazes com a alma - puxas-lhe brilho regas o coração e o grande feto verde-granulado deixas o verão deslizar de mansinho para o cobre luminoso do outono e às primeiras chuvadas recomeças a escrever como se em ti fertilizasses uma terra generosa cansada de pousio - uma terra necessitada de águas de sons de afectos para intensificar o esplendor do teu firmamento passa um bando de andorinhões rente à janela sobrevoam o rosto que surge do mar - crepúsculo donde se soltaram as abelhas incompreensíveis da memória luzeiros marinhos sobre a pele - peixes que se enforcam com a corda de noctilucos estendida nesta mudança de estação Al Berto
" Foi você que me ensinou a ternura da vida. (...) A verdade é que a vida sem ternura não é lá grande coisa." (o meu pé de laranja lima)