terça-feira, 30 de janeiro de 2018

em todos os lugares... faltas tu.

[onde me doem os sorrisos e as lágrimas, onde me dói debaixo da pele]

quando te encontrar, o que faço ao hábito de esperar por ti?

[o que seria de nós sem o movimento das palavras inscritas no nosso corpo? ]


cliché: decisões conjugadas na primeira pessoa - um verdadeiro primeiro dia do resto da minha vida.


não há previsão para um tempo a escrever-se lento. o sobressalto translúcido da palavra medo. quando os dias desaguam no choro, exaustos de exaltação que me vem por não saber o que fazer disto.
devias estar aqui, rente à minha pele, a cabeça encostada no meu peito - a paixão do lado esquerdo.
e com todas as forças que os nossos dedos conseguem. a inclinar os corpos para o voo rasante.

 [tum-tum/tum-tum, o frémito cardíaco acelerado pelo teu sorriso]

viver a ternura na dimensão do poema. o tempo,
o
tempo
a
escrever
-se
lento,
quando sou tudo e nada, quando o amanhã é o futuro onde estaremos mais próximos. quando me lanço na tua pele a saber das horas perdidas e da dor que significam pontos cardeais e azimutes.
não moro nas palavras que não sinto, quando tu vens a entrar no poema e eu passo o teu nome da minha boca para os meus olhos. quando dou a mão ao espaço que corre para nós.
contigo sou completa.
sou
céu
e
rio
sou o choro de todas as palavras que nos chegam fora do tempo. sou o tremor que nos invade o desejo, quando desapareces entre as linhas.

[a boca a escorregar no silêncio. o coração a saltar no peito]

todos os lugares são demasiado longe de ti
e eu quero ficar perto.

A poesia

não diz nada

é


Giorgio Manganelli