quarta-feira, 8 de novembro de 2017


in Contos do Gin-Tonic
de cada vez que digo: há um poema nas palavras que não se importaram em pensar-te enquanto te espero. que escrevem o teu nome. há um poema nos labirintos traçados, devagar, sobre a pele. no desmembrar dos silêncio. nos olhos como margens do mar em que nos afogamos.

[são palavras que sopras entre as pálpebras?]

ainda há pouco dizia:  a boca que deixas cair tão cheia de vento. que se despenha no meu peito. a boca onde me deposito, abandonada, como um pássaro de fogo.

 [os dedos alinhados, o ar da tua boca quando te respirava]

queria ter dito: entre nós o tempo desenha-se assim, devagar. sem o nome da pressa. inverte-se o gesto do peito rasgado pela vida. paramos de falar, o ar a faltar... é o mar onde cabem todos os caminhos dos sonhos. morro-me no grito quando as tuas mãos queimam o sangue, quando se passeiam em mim dessa maneira. sinto-o nas veias, o precipício do corpo urgente - pela carne e pelo peso.

 [demora as mãos um pouco mais]


e é sempre a primeira vez que os gestos acontecem, a sul dos olhos que descobrem.