sexta-feira, 13 de março de 2020

a lembrar os silêncios dos minutos amurados, os silêncios a morrer no que se fragmenta. a encontrar a outra metade, a respirar palavras com dicção do cheiro a pele. dói-me o peito. esvazio-me nos segredos de uma pedra, que fala a língua do sussurro [quando os ventos não sabem dos pássaros] "e há restos de ti nas palavras que me povoam..."
hoje é sexta-feira. hoje [por enquanto] permanecem os estilhaços sob a epiderme. a cada sexta-feira o medo rima com a ausência e há uma fraqueza a querer ser poema. trago no peito um coração que sangra nos vazios por preencher. respiro solidão e responde-me o silêncio, quando a aflição se faz amante da desordem do amor. hoje é sexta-feira e respiras-me o meu nome. tudo está igual, permanece o toque na pele e o teu cheiro, o teu olhar a transpor-me todos os silêncios é o pesadelo a desarrumar-se em conforto é o coração a bambolear-se em saudade é o pânico feito noite na esperança duma vida em retalhos é o vento tricotado em amanheceres contínuos é o corpo dentro do sonho por hoje ser sexta-feira é o tudo e é o nada. percorro o meu destino quando que dizes que me amas]