sábado, 16 de dezembro de 2017

escrever na minha pele, na vontade de gritar, as lágrimas que não devem ser faladas. trespassadas pelo sopro da memória. escrever as palavras presaps na minha nudez, ali para os lados da solidão

[tudo o que nos enrola o coração no corpo e se guarda em silêncio e no silêncio]

permanecemos assim, uns nos outros e no medo. o medo mascarado de pele onde escrevemos os nossos silêncios.






estou aqui a ser a tua ausência. pesas-me nos lábios como se nascesses de novo de uma metáfora antiga. as mãos abertas [as tuas, as minhas], para conseguir-te mais dentro do vento a atravessar a pele. 
é a água que sai do corpo e é um rio, é o teu nome, a memória e as horas no desapertar do abraço. 
dispo-me de ti numa língua que o meu corpo entende. apago a memória do agora, com as palavras a rasgar até ao osso. 
és o indicativo do verso que declino por dentro da pele, em fome e sede, no poema que nasce no céu da boca. do peito que fica cheio [é difícil o respirar] quando cravo os dedos [gastos], na escrita que irrompe voraz no teu corpo. 

escrevo a língua dos vocábulos, a sílaba do amor quando o verso cresce nas paredes do poema. para conseguir-te mais dentro - do poema.