terça-feira, 21 de novembro de 2017

alimento-me de histórias que se contam - em cada parágrafo uma sílaba, em cada olhar a respiração.
alimento-me do silêncio que me rasga com unhas famintas, numa calma cheia de erros - a ternura nas palavras onduladas pela tua boca.
peço sempre por favor em cada encontrão do vento, nas horas cosidas que demoram em voltar, quando digo que não existe o viver sem ti.
abraça-me e diz-me que tudo o que se cola à pele rima com o medo. que a ternura é a tristeza do que não se entende e que do lado duro da dor são os dias que não se aceitam..



[por enquanto, permeável e transparente, sílaba a sílaba
há o medo a rimar na ausência]


previsão do estado do corpo para hoje:
- os olhares perdem-se junto das árvores caducas
- sopra com toda a força o que nasce de um encontrão dum vento
- toda a paisagem que atravesso dá a volta ao mundo na ternura dos teus olhos
- choverá muito, eu sei, quando se desfazem as palavras ao ler-te na pele.
vejo os dias que se respiram em veias ardidas. os dias em que ritualizei promessas e, ao olhar o mar dentro da memória, esperei pelo amor - o amor por dentro das veias, o amor no corpo traçado, e o amor que se escreve em cinza e no silêncio.
à laia de drama, sacudi a poesia que se chama ausência. apaixonei-me pelos momentos que encerram palavras sólidas, pela turbulência dum coração que é terra, vidro e cama.
estou nua perante os teus olhos, perante a imensidão do indefinido e no madrugar das tuas mãos no meu corpo.


Procura-se

A última vez que o senti contraía-se e relaxava num ritmo aproximado de 100 batidas por segundo, bombeando cerca de 5 litros de sangue por minuto.
Pesa cerca de 300 gramas, e deixei de o sentir há algum tempo, em Lisboa, quando mais parecia pesar uma tonelada.

Oferecem-se alvíssaras a quem o encontrar.

(Tania)
escreveu-me um beijo e pediu
ao coração independente
que não deixasse de bater.
prometo que não deixo.

*Amália,Coração Independente



- quando é que isto começou? - isto, o quê? - isto. - o amor? - talvez. - o amor? - sim, pode ser isso. quando é que o amor começou? - começou antes de ter começado. - e depois? - e depois não acabou quando devia acabar. durou mais tempo. o coração bate mais tempo. não há maneira de parar o coração. Pedro Paixão

" se alguém me disser que não sabe o que é o amor,
eu vou dizer que o amor é o teu nome. "