A ferida por baixo da cicatriz - quem cura?
Vasco Gato
sexta-feira, 27 de abril de 2018
de cada vez que digo: há um poema nas palavras que não se importaram em pensar-te aquando te espero. que escrevem o teu nome. há um poema nos labirintos traçados, devagar, sobre a pele. no desmembrar dos silêncio. nos olhos como margens do mar em que nos afogamos.
[são palavras que sopras entre as pálpebras?]
ainda há pouco dizia: a boca que deixas cair tão cheia de vento. que se despenha no meu peito. a boca onde me deposito, abandonada, como um pássaro de fogo.
[os dedos alinhados, o ar da tua boca quando te respirava]
queria ter dito: entre nós o tempo desenha-se assim, devagar. sem o nome da pressa. inverte-se o gesto do peito rasgado pela vida. paramos de falar, o ar a faltar.
[é o mar onde cabem todos os caminhos dos sonhos]
morro-me no grito quando as tuas mãos queimam o sangue, quando se passeiam em mim dessa maneira. sinto-o nas veias, o precipício do corpo urgente - pela carne e pelo peso.
[demora as mãos um pouco mais]
e é sempre a primeira vez que os olhos se descobrem, a sul dos gestos que nos acontecem
[são palavras que sopras entre as pálpebras?]
ainda há pouco dizia: a boca que deixas cair tão cheia de vento. que se despenha no meu peito. a boca onde me deposito, abandonada, como um pássaro de fogo.
[os dedos alinhados, o ar da tua boca quando te respirava]
queria ter dito: entre nós o tempo desenha-se assim, devagar. sem o nome da pressa. inverte-se o gesto do peito rasgado pela vida. paramos de falar, o ar a faltar.
[é o mar onde cabem todos os caminhos dos sonhos]
morro-me no grito quando as tuas mãos queimam o sangue, quando se passeiam em mim dessa maneira. sinto-o nas veias, o precipício do corpo urgente - pela carne e pelo peso.
[demora as mãos um pouco mais]
e é sempre a primeira vez que os olhos se descobrem, a sul dos gestos que nos acontecem
Cansados de inventar palavras
de dar nome ao silêncio
para afugentar tristezas
Cansados de olhar para o céu
rogando que chova
Que a água ou o vento
tragam um gesto que nos devolva a vida
(...)
Optamos por deixar de interrogar as esquinas
por ignorar promessas
Optamos por fim por essa eternidade
que é o esquecimento.
Martha Carolina Dávila
de dar nome ao silêncio
para afugentar tristezas
Cansados de olhar para o céu
rogando que chova
Que a água ou o vento
tragam um gesto que nos devolva a vida
(...)
Optamos por deixar de interrogar as esquinas
por ignorar promessas
Optamos por fim por essa eternidade
que é o esquecimento.
Martha Carolina Dávila
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