quarta-feira, 25 de outubro de 2017

todos os lugares são demasiado longe de ti
e eu quero ficar perto
a entrega era assim - urgente. a cobrir toda a pele de terra fértil. poema que se adensa com o regresso a ti. neste tempo a engolir-nos os dias, no faz e desfaz entre as mãos, lençóis e vida.
as vagas salgadas
as vagas
vagas
e salgadas. no fluxo-refluxo duma maresia tornada possível.
o corpo - promessa. o estirar, o enroscar. e tu
lentamente
lenta
lentamente, entras em mim.
no despertar do corpo nascem palavras - olhos, língua, boca - o sexo húmido na morna inquietude da entrega.
dir-te-ia do rio; nessa maré a entrar mansa. no tempo de nos respirarmos.
dir-te-ia outra vez, do silêncio. de quando estás tão longe para te abraçar. onde fica o espaço entre a carne e o sangue, que se deixa cair
escorrendo apenas
escorrendo
escorre,  na perpendicular da vida.
era uma vez? não, eram uma vezes várias. a esquecer-me do espaço em que o meu corpo se atravessa no teu. quando me fazes falta e não o posso proferir em voz alta.

[ todas as ondas que aqui rebentam, quando me lembro a cabermos na casa da pele, na do olhar ]

a entrega foi assim - urgente, na metáfora do verso que cresce  na tua boca, na minha. a respiração no parapeito da tua boca, formada de uma mescla de palavras.
a sílaba do amor
as raízes afundadas
as raízes
raiz
na pele coberta pela terra húmida e fértil. a iludir o tempo dum poema dito  incapaz.0
os olhos dobrados
os olhos 

[ que queria que combinassem com o mar ]

olho,
a noite do corpo que é
terra
mar
rio
falho de convulsões sobre o que me suspende. um tudo-nada nesta noite dissonante que vem e me traz com ela até ti.
em que quero conseguir-te [ mais ] dentro do poema.