sexta-feira, 17 de novembro de 2017

foi de repente. nasceu de um vazio o que nada importa, como se tudo o que existe se suspendesse na tua boca. nasceu de fora das coisas para dentro da memória. como se violentamente o amor nos arrancasse o medo. o amor para lembrar o amor e como ele tem feito sentido e, sem enfraquecer, nos consumisse o ar. 
assim nascem as cores, assim saboreio poesias e mergulho no desconhecido. recalculo rotas aleatórias, ansiosa pela liberdade das margens do horizonte.
mas foi de repente. nasceu assim, dum olhar que volta, em dias de pássaros, quando espero os teus beijos, que me visitam as manhãs.
    disse-te: tudo é assim, nos cheiros que são sombras quando a ausência rima no final do dia e o sorriso adormece a querer ser poema.
     é verdade: guardo a tristeza nas horas voláteis da pele adormecida em sorrisos tímidos e palavras prenhes de silêncios anónimos.
     demoro: entre a fraqueza dos dias a descer pelas margens da ternura, o riso aprendido entre a fala e a importância dos dedos. 

[os corpos despidos da razão a fugir pela porta do fundo do coração - demoro entre duas memórias que não sabem digerir a leveza do amor.] 

abraça-me, por favor