quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

é súbita, a tonalidade de silêncios. o tempo que fica entre o querer e o estender das mãos. o lugar em que se deixam cair os sonetos desconexos - as mãos, sem saber onde se esconder do prazer, nestes dias a parecer uma enorme sala no debruçar das horas. de novo, para não ensaiar palavras, há o lugar dos meus dedos em ti - o tempo em que te digo que as mãos se merecem e os lábios se pertencem [como os olhares] o tempo por detrás das palavras e que se torna insuportável, os dias a adormecer em maré vazia.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Na fronteira da pele não há cães polícias. Era isso mesmo. Na fronteira da pele. Onde eu acabo e tu começas. Onde eu passo de pecado em pecado. Deixo tudo e atravesso. Passo a linha e perco a calma. Na fronteira da pele não há polícia, não há controle. Salman Rushdie
O corpo dividido em duas partes fechadas à chave uma na outra, avanço num duplo coração como se fosse ao mesmo tempo num só barco por dois rios. Luís Miguel Nava
escreveu-me um beijo e pediu ao coração independente que não deixasse de bater. prometo que não deixo. Amália, Coração Independente
digo que faço mapas das lágrimas mais do que água é inventar paisagens onde te faço memória qualquer coisa entre o olhar e o vazio de dizer palavras contadas pelos dedos Maria Lolita Sousa
desfio silenciosamente palavras, com estes dedos que escrevem. fecham-se as pálpebras sobre o mundo, onde o coração acorda e regresso às profundeza da terra - as raízes cantam a melancolia, que só as feridas acalma. sussurra o arvoredo, lá em cima, a brisa que me diz que quando as tuas mãos procuram as minhas, o tempo segue o tempo e pois é ele - o tempo - que insistirá sempre em trazer-nos de volta.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Ghost Heart More than 3,200 people are on the waiting list for a heart transplant in the United States. Some won’t survive the wait. Last year, 340 died before a new heart was found. The solution: Take a pig heart, soak it in an ingredient commonly found in shampoo and wash away the cells until you’re left with a protein scaffold that is to a heart what two-by-four framing is to a house. Then inject that ghost heart, as it’s called, with hundreds of millions of blood or bone-marrow stem cells from a person who needs a heart transplant, place it in a bioreactor - a box with artificial lungs and tubes that pump oxygen and blood into it - and wait as the ghost heart begins to mature into a new, beating human heart. Doris Taylor, director of regenerative medicine research at the Texas Heart Institute at St. Luke’s Episcopal Hospital in Houston, has been working on this— first using rat hearts, then pig hearts and human hearts - for years. The process is called decellularization and it is a tissue engineering technique designed to strip out the cells from a donor organ, leaving nothing but connective tissue that used to hold the cells in place. This scaffold of connective tissue - called a “ghost organ” for its pale and almost translucent appearance - can then be reseeded with a patient’s own cells, with the goal of regenerating an organ that can be transplanted into the patient without fear of tissue rejection. This ghost heart is ready to be injected with a transplant recipient’s stem cells so a new heart - one that won’t be rejected - can be grown.
sentir a ausência das tuas ilhas. tudo o que não se sabe é tudo o que se deixa,

sábado, 22 de fevereiro de 2020

reza a história de que ela não (as) deixava - as palavras - as mãos que não agarram quaisquer verbos, a ausência das que nos habitam de corpo inteiro os dias prematuros. foi uma para cada lado, a ensurdecer o amor que se manipula por de fora da pele. fugiram, a ecoar no avesso como um seio ausente, quando se encostam na expressão dos dias. pensa como seria o seu corpo, quando a distância não precisa de mais nada senão de existir para crescer

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

admitir que não sei do esquecimento, do coração que se asfixia por dentro da memória

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

sei do tanto que tenho para te dizer, do debruçar no poema, na possibilidade da queda - escorregar pelos cabelos, len ta men te, nos dias de veias ardidas. são os caminhos solitários [por dentro de mim], cada vez que te quero dizer que gostaria de te amar, no ousar dos corpos entrelaçados debaixo dos lençóis. tenho esta dor que se escreve e me atravessa, nas arestas do tempo [ a dor que fala, que por vezes grita], a fracção de desejo e saliva, a deixar reticências sobre a pele. as promessas ritualizadas no país habitado pelo amor que se escreve cinza e silêncio. [o corpo, no avesso das emoções. o pensamento, na distância de asas abertas] e o amor que sinto por ti, é a pele a voar mar adentro da memória o amor, por que esperei, e que será meu para sempre

domingo, 16 de fevereiro de 2020

chegaste a desenhar um coração na distância do meu peito ao teu encontrei-te dentro dos olhos, com o brilho da recordação da fome das tuas mãos. é a transparência dos teus dias claros é o teu corpo, à altura do desejo é toda a ternura quando me dizes: três vezes amor
I could be an organ donor, the way I give up my heart

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Sushi!!! __The myelin sheath protects our neuron axons, which are a tiny bit like our body's internal ethernet wiring. [via Neurons want food]

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

[dizer-te] - trocamos sentimentos no lugar das palavras. sem promessas feitas, a tornarem-se ocasos de lugares-comuns. o que nos damos está em todos os lugares, nos gestos, em todos os olhares, no encontrar dos corpos, na vida que sabe sempre acontecer, nestes regressos a nós.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Eugénio de Andrade O desejo, o aéreo e luminoso e magoado desejo latia ainda; não sei bem em que lugar do corpo em declínio mas latia; bastava abrir os olhos para ouvir o nasalado ardor da sua voz: era a manhã trepando às dunas, era o céu de cal onde o sul começa, era por fim o mar à porta – o mar, o mar, pois só o mar cantava assim.
quais são as palavras certas para separar dois corpos?
Os momentos em que mais te sinto a ausência, aqui nos minutos, onde as palavras se revestem de silêncios. Apetece-me apenas dizer: tocas-me?
mudam-se as flores, mudam-se as vontades. (tens nas mãos não flores, nem vazios, mas memórias que queres converter em parágrafos de pétalas quebradas. carregas a escrita interdita de quem quer ser amor)
O rádio sempre a tocar, um coração avariado que não posso desligar. Rui Lage, A Naifa
Procura-se A última vez que o senti contraía-se e relaxava num ritmo aproximado de 100 batidas por segundo, bombeando cerca de 5 litros de sangue por minuto. Pesa cerca de 300 gramas, e deixei de o sentir há algum tempo, em Lisboa, quando mais parecia pesar uma tonelada. Oferecem-se alvíssaras a quem o encontrar. (Tania)
abraça-me. para quando a manhã crescer dos teus braços, se apague o medo com o chilrear dos pássaros.