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PRECISA-SE
na página gasta da minha pele
Vasco Gato
domingo, 1 de abril de 2018
The Free Little Library
The Free Little Library est une installation temporaire présente à NoLIta à New York permettant aux passants de se servir librement de livres savamment protégés des intempéries par un design pensé par Stereotank en collaboration avec la Architectural League of New York et The Pen World Voices Festival. (2014).
The Free Little Library est une installation temporaire présente à NoLIta à New York permettant aux passants de se servir librement de livres savamment protégés des intempéries par un design pensé par Stereotank en collaboration avec la Architectural League of New York et The Pen World Voices Festival. (2014).
bolbo
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas secaram
partiram-se em esquinas
perderam-se em portas
arrastaram no chão
fizeram-se em pó
por baixo outra casca e outra e outra
casacos de lã em noites de verão
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas quase secaram
deram abrigo
limparam lágrimas
travaram chuva
foram lenço, lençol, ligadura
biombo, cobertura
janela, alçapão
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas frescas sangraram
sangue ácido, incolor
sangue sem tempo de vida
sangue sem tempo de o ser
sangue que pôs olhos em ferida
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e ela já quase sem corpo
pediu que parassem
e meteu-se na terra
Sónia Oliveira
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas secaram
partiram-se em esquinas
perderam-se em portas
arrastaram no chão
fizeram-se em pó
por baixo outra casca e outra e outra
casacos de lã em noites de verão
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas quase secaram
deram abrigo
limparam lágrimas
travaram chuva
foram lenço, lençol, ligadura
biombo, cobertura
janela, alçapão
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas frescas sangraram
sangue ácido, incolor
sangue sem tempo de vida
sangue sem tempo de o ser
sangue que pôs olhos em ferida
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e ela já quase sem corpo
pediu que parassem
e meteu-se na terra
Sónia Oliveira
E de novo a armadilha dos abraços.
E de novo o enredo das delícias.
O rouco da garganta, os pés descalços
a pele alucinada de carícias.
As preces, os segredos, as risadas
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo as madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre novo
o amor total dos deuses e dos bichos.
Rosa Lobato Faria, in Dispersos
E de novo o enredo das delícias.
O rouco da garganta, os pés descalços
a pele alucinada de carícias.
As preces, os segredos, as risadas
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo as madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre novo
o amor total dos deuses e dos bichos.
Rosa Lobato Faria, in Dispersos
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