segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

há dias em que sou o alimento e o sumo doce da uva, em que sei a largura dos ossos e a flexibilidade do arco. às vezes, confundo a sombra dos objectos, a paisagem e os espelhos. depois tento escrever sobre o pó e os símbolos que conheço e que não conheço. há caligrafias internas e isso o que é (pergunto) e a noite e a metáfora e eu apenas sei de vidros, da espuma nos talheres de que já te falei(...) e pouco mais. há dias em que respiro muito pouco, sabes. é apenas o músculo que separa o tempo e entre as coisas está, às vezes, a alegria de tudo. Susana Miguel