sexta-feira, 8 de março de 2019

"uma língua que lavra a pele deserta, um giz agudo cravado na epiderme da ardósia." (ana na tarte)
😂🐔🐓 " PROBLEMA DO FRANGO ATRAVESSAR A RUA, NA OPINIÃO DE ILUSTRES PENSADORES DO PASSADO E DO PRESENTE O frango atravessou a rua. Porquê? PLATÃO: Porque queria alcançar o Bem. ARISTÓTELES: Porque é da natureza do frango atravessar a rua. DEESCARTES: O frango pensou antes de atravessar a rua, logo, existe. ROUSSEAU: O frango por natureza é bom, a sociedade é que o corrompe e o leva a atravessar a rua. FREUD: A preocupação com o facto do frango ter atravessado a rua é um sintoma de insegurança sexual. DARWIN: Ao longo dos tempos, os frangos vêm sendo seleccionados de forma natural, de modo que, actualmente, a sua evolução genética fê-los dotados da capacidade de cruzar ruas. EINSTEIN: Se o frango atravessou a rua ou se a rua se moveu em direcção ao frango, depende do ponto de vista...Tudo é relativo. MARTIN LUTHER KING: Eu tive um sonho. Vi um mundo no qual todos os frangos livres podem cruzar a rua sem que sejam questionados os seus motivos. O frango sonhou. GEORGE W. BUSH: Sabemos que o frango atravessou a rua para poder dispor do seu arsenal de armas de destruição maciça. Por isso tivemos de eliminar o frango. CAVACO SILVA: Porque é que atravessou a rua, não é importante. O que o pais precisa de saber é que, comigo, o frango vai dispor de uma conjuntura favorável. Não colocarei entraves para o frango atravessJOSÉ SÓCRATESar a rua. : O meu governo foi o que construiu mais passadeiras para frangos. Quando for reeleito, vou construir galinheiros de cada lado da rua para os frangos não terem de a atravessar. MÁRIO SOARES: Já disse ao frango para desistir de atravessar a rua! Eu é que vou atravessar! Não vou desistir porque sei que os portugueses querem que eu atravesse outra vez a rua!!!!! MANUEL ALEGRE: O frango é livre, é lindo, uma coisa assim...com penas! Ele atravessou, atravessa e atravessará a rua, porque o vento cala a desgraça, o vento nada lhe diz! JERÓNIMO DE SOUSA: A culpa é das elites dominantes, imperialistas e burguesas que pretendem dominar os frangos, usurprar os seus direitos e aniquilar a sua capacidade de atravessar a rua, na conquista de um mundo socialista melhor e mais justo. VALENTIM LOUREIRO: Desafio alguém a provar que o frango atravessou a rua. É mentira...!! É tudo mentira!!! ZÉZÉ CAMARINHA: Porque foi ao engate! É um verdadeiro macho, viu uma franga camone do outro lado da rua e já se sabe, não perdoou. LILI CANEÇAS: Porque se queria juntar aos outros mamíferos."
1 - RECONSTITUIÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO Elas são quatro milhões, o dia nasce, elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café. Elas picam cebolas e descascam batatas. Elas migam sêmeas e restos de comida azeda. Elas chamam ainda escuro os homens e os animais e as crianças. Elas enchem lancheiras e tarros e pastas de escola com latas e buchas e fruta embrulhada num pano limpo. Elas lavam os lençóis e as camisas que hão-de suar-se outra vez. Elas esfregam o chão de joelhos com escova de piaçaba e sabão amarelo e correm com os insectos a que não venham adoecer os seus enquanto dormem. Elas brigam nos mercados e praças por mais barato. Elas contam centavos. Elas costuram e enfiam malhas em agulhas de pau com as lãs que hão-de manter no corpo o calor da comida que elas fazem. Elas vêm com um cântaro de água à cinta e um molho de gravetos na cabeça. Elas limpam as pias e as tinas e as coelheiras e os currais. Elas acendem o lume. Elas migam hortaliça. Elas desencardem o fundo dos tachos. Elas passajam meias e calças e camisas e outra vez meias. Elas areiam o fogão com palha de aço. Elas calcorreiam a cidade a pé e à chuva porque naquele bairro os macacos são caros. Elas correm esbaforidas para não perder o comboio, o barco. Elas pousam o cesto e abrem a porta com a mão vermelha. Elas põem a tranca no palheiro. Elas enterram o dedo mínimo na galinha a ver se tem ovo. Elas acendem o lume. Elas mexem o arroz com um garfo de zinco. Elas lambem a ponta do fio de linha para virar a camisa. Elas enchem os pratos. Elas pousam o alguidar na borda da pia para aguentar. Elas arredam a coberta da cama. Elas abrem-se para um homem cansado. Elas também dormem. Maria Velho da Costa