segunda-feira, 24 de setembro de 2018
não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta (...)
não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes (...)
não posso adiar
ainda que a noite pese sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
não posso adiar o coração
António Ramos Rosa
O corpo tem degraus, todos eles inclinados
tem milhares de lembranças do que lhe aconteceu
filiação, geometria
umdesabamentoquecomeça do avesso
e formas que ninguém ouve
O corpo nunca é o mesmo
ainda quando se repete:
deondevemestebraçoquetoca no outro,
deondevêmestaspernasentrelaçadas
como alcanço este pé que coloco adiante?
não aprendo com o corpo a levantar-me,
aprendo a cair e a perguntar.
José Tolentino Mendonça
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