quarta-feira, 5 de setembro de 2018


Bismuto

Há meses que vivo rodeada
por uma substância negra e pegajosa
que invadiu a minha casa. As paredes,
o chão, as janelas e os móveis,
a comida, os livros e a roupa,
o teclado do computador, as plantas,
o telefone… Está tudo impregnado
com este pez escuro, o mesmo que respiro
e que me mata pouco a pouco.
Dizem que os venturosos e os néscios
chamam melancolia a esta porcaria
que apodrece o coração e asfixia a alma.

Amalia Baustista

dou-te de nome o poema perfeito, nos dias que trazem saudades de ti, quando o coração rebenta, por de dentro de cada quarta. - hoje é quarta (meu amor) - hoje os dedos tropeçam vagarosamente na ternura em silêncio da tua boca, no estremecer das palavras que dançam à altura do sonho, nos arrepios na derme.

tudo o que eu quero é escrever, da fome de te ver amparado no meu corpo
e de tudo o que permanece

de ti
em
mim

Parabéns, meu amor
( Mont-Treblant, Canadá)

monachopsis

n. the subtle but persistent feeling of being out of place, as maladapted to your surroundings as a seal on a beach—lumbering, clumsy, easily distracted, huddled in the company of other misfits, unable to recognize the ambient roar of your intended habitat, in which you’d be fluidly, brilliantly, effortlessly at home.