quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

às vezes acordo com um deserto obscuro na pele. digo-te que tens as mãos presas numa linguagem que nem eu entendo. sacode-se o silêncio que abriga o teu rosto, a nudez que é a alvorada - em cada sussurro, em cada voo.

prendo a respiração

 [o sangue a correr às golfadas, a pele cerzida na medida exacta de existir um corpo dentro do sonho].

 o chão duma memória por dentro dos cheiros, da pele, das mãos, da língua, dos lábios, dos dentes - fronteiras que se invadem quando as mãos se tocam.

respiro. dizes que não devias ter-me olhado nos olhos, que há uma loucura plena de poemas corpóreos e saliva - e que há uma canção que se renova na margem da pele em cada noite.



" Foi você que me ensinou a ternura da vida. (...)
A verdade é que a vida sem ternura não é lá grande coisa."

(o meu pé de laranja lima)