a entrega era assim - urgente. a cobrir toda a pele de terra fértil. poema que se adensa com o regresso a ti. neste tempo a engolir-nos os dias, no faz e desfaz entre as mãos, lençóis e vida. as vagas salgadas as vagas vagas e salgadas. no fluxo-refluxo duma maresia tornada possível. o corpo - promessa. o estirar, o enroscar. e tu lentamente lenta lentamente, entras em mim. no despertar do corpo nascem palavras - olhos, língua, boca - o sexo húmido na morna inquietude da entrega. dir-te-ia do rio; nessa maré a entrar mansa. no tempo de nos respirarmos. dir-te-ia outra vez, do silêncio. de quando estás tão longe para te abraçar. onde fica o espaço entre a carne e o sangue, que se deixa cair escorrendo apenas escorrendo escorre, na perpendicular da vida. era uma vez? não, eram uma vezes várias. a esquecer-me do espaço em que o meu corpo se atravessa no teu. quando me fazes falta e não o posso proferir em voz alta. [ todas as ondas que aqui rebentam, quando me lembro a cabermos na casa da pele, na do olhar ] a entrega foi assim - urgente, na metáfora do verso que cresce na tua boca, na minha. a respiração no parapeito da tua boca, formada de uma mescla de palavras. a sílaba do amor as raízes afundadas as raízes raiz na pele coberta pela terra húmida e fértil. a iludir o tempo dum poema dito incapaz.0 os olhos dobrados os olhos [ que queria que combinassem com o mar ] olho, a noite do corpo que é terra mar rio falho de convulsões sobre o que me suspende. um tudo-nada nesta noite dissonante que vem e me traz com ela até ti. em que quero conseguir-te [ mais ] dentro do poema.
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
Apresentação
Já ao tempo que abri este blog. De início tinha um nome pomposo e, como tal, ficou para aqui às moscas, vazio de palavras e de ideias. Tinha a pretensão até de escrever mas só saiam lamechices dignas de uma Crónica Feminina; aiopá, teria ganho uns belos trocos naquela altura. E mais ainda se tivesse aberto um consultório sentimental, que atraio tudo para confessar os dramas amorosos, com o meu ar de padre em saias rodadas de confessionário.
Quis a vida, e mais ainda a minha valente teimosia, que seguisse Medicina Veterinária, uma paixão de miúda e que só encheu os meus pais de rugas e muitos cabelos brancos.
Pelo meio de uma vida bem atribulada, estou prestes a fazer 50 anos, com dois filhos paridos, e mais 5 de coração. O saldo atual efetivo são 4 belos gatos, de 5, 7, e dois de 10 anos (aaaah, já estavam para aí as @s cat haters a torcer o nariz e as crazy cat ladys todas deliciadas com o nome do blog). Faltam os dois gatos mais velhos, que já não moram aqui. Ah, falta o maior e melhor gato de todos, o Jorge, que é o responsável pelo reabrir disto. Pensava ele que eu me ia esquecer do homem a quem dei nome ao que escrevo. E acho que só isto diz tudo....
Voltando ao blog. Foi repescado. Levou uma banhoca checa. Precisa duns belos ajustes, pois não percebo um boi disto. E se esperam algo profundo e cheio de poesia, vão tirando o cavalinho da chuva. O intuito será publicar sobre o que as pessoas não gostam de ler na net, muito menos informação útil, surpreendente ou polémica.
É que já não se pode com os gatos, esses seres ignóbeis e manipuladores.
PS: às minhas amigas nazis da gramática e de tudo o mais, vinde corrigir o português - sou uma nódoa em texto corrido.