segunda-feira, 6 de novembro de 2017

vou de encontro ao teu prazer. demoro-me no teu corpo, onde me enuncio para lá dos teus dedos - és o meu lugar encontrado, neste tempo sem tempo.
sorrio-te: a minha boca, a desenhar os pensamentos.
sussurras: com os dedos que me desenham o corpo, longos braços de rio, que alcançam as minhas margens.

[a minha boca a saber a ti, a tua boca a provar-se em mim]

amamos com a pele, com as entranhas e com as vísceras e com todo o sangue que nos corre nas veias.

e é assim, devagar devagarinho  - entras-me.




amar em tempo de poesia, é tudo conjugar - do hoje para amanhã, da esperança em suspenso para vida, do medo para o encantamento. a imprevisibilidade absoluta do movimento dos corpos
sabes, amar é cada abraço que contém em si mais beleza do que toda a filosofia do mundo. foi o teu que te amarrou à minha vida para sempre. e com ele todos os fios de escuridão do mundo desapareceram.


domingo, 5 de novembro de 2017

entre o sempre e o agora, a palavra (a transbordar de ti) mordida entre os lençóis.
é a vontade, a vontade do correr da água, do desvanecer do corpo que se ergue, da boca que se leva a outra boca, do tempo que jurava voar quando solto dos teus lábios.
entre o sempre e o agora, o porém, que nos traz hoje os dias quentes da procura, os dias em que nos revisitamos com uma nitidez que nos fere como fogo.
e de repente já não sei se somos nós que olhamos os afectos enraizados, se é o mundo que se propaga no teu abraço que é onde me reconheço.

e abraçámos os dedos - memórias de tempos de silêncio.

sábado, 4 de novembro de 2017

... tudo começou, em Janeiro - o bater veloz de um coração. a poesia que esvoaça no vento e que se ama. a minha voz a inventar a insignificância da arritmia das palavras.
surgiste e escreveste a tua língua, na minha pele.
disse-te: era uma vez, o respirar dos dias

[ por dentro. no avesso do corpo],

marcados pela vertigem da saudade.
sorriste e abriste os braços

[o tremor de dentro do mundo a escrever as horas nos teus olhos].

disseste-me: era uma vez...

e em silêncio deste um nome ao sonho, a abrigar todas as palavras que revestem a minha imaginação.

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(HardRock Café, Lx, 14-01-2017)

sexta-feira, 3 de novembro de 2017


és o amanhã dos desertos por dizer, nas epigrafes que se escrevem à boca do tempo. dos dias rentes à promessa da palavra mar e de poemas que não permitem outro cheiro que não o teu.
poderia dizer-te tudo, eu sei - por exemplo que as horas cabem nos minutos quando trocamos de pele.
dá-me dias pois tenho a dizer-te um poema de vento e que as lágrimas não são sempre locais de abandono.


quinta-feira, 2 de novembro de 2017



(...)
se alguma coisa nasceu para voar
foi o teu coração.

Carlos de Oliveira