quarta-feira, 6 de dezembro de 2017


quando os clientes se cagam literalmente para ti 😂😂😂
#MiauficounervosocomatiaLeonor

。Cactus - Mammillaria luethyi


"(...) E quando nos beijávamos e eu perdia respiração e, entre suspiros, perguntava: em que dia nasceste? E me respondias, voz trémula: estou nascendo agora."

Mia Couto*


Mamã, quero estudar Medicina Veterinária.



trago-te no peito, aberto pela tua ausência. sem sim, sem não, o coração que se guarda por dentro das memórias. 

[ olhos que demoram, gestos que nos prendem ]

os medos a fragmentarem-me com o que o silêncio pode revelar. as noites de céu aceso, a espreitar as palavras visíveis que enchem a boca e esvaziam o coração. as noites que espreitam à luz da lua todas as emoções com cheiro a maresia. as noites que se cumprem na distância dos desencontros, de todos os "ses" da vida. da água que me azula de mansinho a vida que se desprende em fragmentos - como se fragmentos fosse o que nos resta. 

[ percorrer o papel - 15 cm; mais meio para sul; chegar mais longe, mais 1.5 para fechar na mão o que se esquece de imediato ]

depois é preciso continuar. depois há os cheiros 

[misturam-se com os caminhos que se cruzam no mar]. 

adivinham-se neblinas na medida de tudo o que nos preenche. depois fixamos as mãos, inventamos espaço. sorvemos a paisagem, as pedras e os verdes, engolidos em tardes lentas e mansas. rasgamos o intransponível, os recantos insuspeitos do que é público. 

não quero que me possuas. quero que navegues em mim -  tu és barco, eu sou mar. sou voo a convidar a noite a dar voz ao que não dizes, a adormecer na boca a palavra saudade. do outro lado da parede soltam-se ventos nas veias. 
o corpo torna-se tela e o pintor és tu. adivinha-mo-nos em outros corpos, nas mãos abertas a procurar o calor das marés que apetece fazer entre nós. 

o meu lado esquerdo, que é o lado do coração, diz-me para me entregar às palavras do amor através do tacto.







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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Poro a poro vou sendo o curso de água
da tua língua demasiada
e lenta

Natália Correia


às vezes os dias não cabem nas horas. escala-se o tempo na medida da vontade de desalinhar o reflexo no espelho, de desalinhar os passos. é parecido com os sorrisos que nascem, com o poema por nascer, das palavras que te vou pedindo emprestadas - do teu peito para o meu, onde te demoras.
tudo se perde no sentido do casulo que se desfaz, de cada vez que nasço quando me traças nas linhas que se perdem nos rasgos das tuas mãos.
o amor é esta noite onde nos demoramos na ânsia da âncora, na espera das vagas, que nos desenhem o caminho.