quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

amar-te é perder-me -  perder-me nos teus braços, onde digo o teu nome, onde renasço em cada ausência de ti. amar-te é encontrar-me, no teu abraço  e sentir o tamanho da tua ternura a correr à flor da pele.





Receita:
Vidro, muito vidro
moído.

Consumido
vagarosamente.

A melhor dieta
para deixar o poeta
transparente.

Cláudio Lima.           



na distância das asas abertas
quebra-se o tempo, momento.
e nunca ninguém saberá
onde se extraviou a nossa vida.

[onde sangram sorrisos, a dar som aos silêncios ]
Si quieres puede ser puro

 Pero para mí puro es salvaje

 Como el primer día del sol.


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

de peito cheio



Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo

 Eugénio de Andrade


segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Como eu gosto de ti, ninguém o entenderia. Nem a cama esvaída que me obriga a desprender-me do corpo noutras roturas nocturnas e azedas. Nem a solidão taciturna que escorre devagar nos chuviscos flamejantes do amor. Como eu gosto de ti, nem o mundo o aceitaria. As árvores trépidas, os animais ferinos, a cadência dos lagos, mobília sisuda que ganha a morte sobre o couro crestado. Como eu gosto de ti, só a melodia do poente trova. E se a antemanhã sucumbe nas copas das sequóias - ricocheteando como uma bala célere - perfurando como um comboio alucinado - a incerteza dos teus sinais desmancha-se sobre os meus lençóis na loucura do leito. Como eu gosto de ti, só eu sei, de dentro para dentro, como um confim de baús entreabertos às galáxias chamejantes do céu da boca. Como eu gosto de ti, segredando-me da voz o rasto da tua presença, pernoitando-me de corpo fixo e amor esquivo, a temperança das tuas enchentes.

Alice Turvo