sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018
podia ser assim: a tua mão a descer pelo meu corpo sossegado da insónia. a decompor-me em significados. do poema a pensar-te. e partir-te a vontade de partir.
é o rio, é a luz. é o oceano, que não chega à profundidade dos teus olhos. é o teu reflexo onde a respiração nos é mais fácil. é o arrastar da memória pelos dias, onde mergulho em ti. é o alongar até ao maior milímetro possível da raiz de toda a saudade, o ciclo que se encerra em estilhaços de vidro.
podia ser o poema dos teus braços, que eu deixo ir
que voltam sempre
se me chamares eu vou.
eu vou.
vou...
é o rio, é a luz. é o oceano, que não chega à profundidade dos teus olhos. é o teu reflexo onde a respiração nos é mais fácil. é o arrastar da memória pelos dias, onde mergulho em ti. é o alongar até ao maior milímetro possível da raiz de toda a saudade, o ciclo que se encerra em estilhaços de vidro.
podia ser o poema dos teus braços, que eu deixo ir
que voltam sempre
se me chamares eu vou.
eu vou.
vou...
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018
Advertências e conselhos do Doutor Van Helsing
contra a espécie predadora dos espelhos
Ninguém sabe quem fabrica estes vampiros em série.
De dia roubam-nos os olhares e os gestos.
De noite, escondem-nos o dia e não pedem resgate.
O tempo não passa por eles: eles são o Tempo.
Quando os teus espelhos tiverem fome dá-lhes de comer
o que te sobrar: uma ruga, uma olheira, um cansaço.
Nunca irão ficar saciados; vira-os contra a parede.
Às vezes, quando ninguém os vê, sofrem pesadas digestões
e então devolvem um bocado mais dos que engoliram.
De nada serve partir o seu reflexo: vão se multiplicar se os dividires.
A única maneira de matar um espelho é colocá-lo em frente a outro.
Ninguém sabe porquê, mas - ao reconhecerem-se - ficam cegos.
Jesus Jiménez Domínguez
In - There's Only One Alice
contra a espécie predadora dos espelhos
Ninguém sabe quem fabrica estes vampiros em série.
De dia roubam-nos os olhares e os gestos.
De noite, escondem-nos o dia e não pedem resgate.
O tempo não passa por eles: eles são o Tempo.
Quando os teus espelhos tiverem fome dá-lhes de comer
o que te sobrar: uma ruga, uma olheira, um cansaço.
Nunca irão ficar saciados; vira-os contra a parede.
Às vezes, quando ninguém os vê, sofrem pesadas digestões
e então devolvem um bocado mais dos que engoliram.
De nada serve partir o seu reflexo: vão se multiplicar se os dividires.
A única maneira de matar um espelho é colocá-lo em frente a outro.
Ninguém sabe porquê, mas - ao reconhecerem-se - ficam cegos.
Jesus Jiménez Domínguez
In - There's Only One Alice
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