domingo, 18 de fevereiro de 2018

já quase não se escreve poesia nos muros da cidade.
diz mais uma vez o meu nome

[de
vagar]

dentro da minha boca

[a trocar o corpo
com
o
meu]


res
pirar
[-te]

entre o para cá de ti e o para lá de mim

é entre este rasgar das palavras e o que fica na memória.

enraizar no corpo súbitas esperas

na minha mão ainda o calor de um corpo inteiro

perdi os gestos e com os ruídos da manhã
confundo-te com os moveis
sem tocar em nada
abro as janelas para apagar o cheiro a pele.

quais são as palavras certas para separar dois corpos?


Maria Sousa

Sabes o que notei em mim? Que a minha pele já não é como antes, que mudou sem que tenha descoberto uma ruga a mais. São sempre as mesmas rugas, as que tive aos vinte anos, só que cavadas, acentuadas. É um sinal, e de quê? De uma maneira geral, sabe-se onde isto nos leva: ao final. Mas além disso? Com que rostos vamos desaparecer, tu e eu? Não é envelhecer que me assombra, mas a desconhecida que sucede a uma desconhecida.



Ingeborg Bachmann

toujours le même film...

rouba, algures, um final feliz para me oferecer.


sábado, 17 de fevereiro de 2018

"Eso que pintas que no tiene paisaje".

Diego Machargo