Armani
domingo, 1 de abril de 2018
bolbo
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas secaram
partiram-se em esquinas
perderam-se em portas
arrastaram no chão
fizeram-se em pó
por baixo outra casca e outra e outra
casacos de lã em noites de verão
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas quase secaram
deram abrigo
limparam lágrimas
travaram chuva
foram lenço, lençol, ligadura
biombo, cobertura
janela, alçapão
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas frescas sangraram
sangue ácido, incolor
sangue sem tempo de vida
sangue sem tempo de o ser
sangue que pôs olhos em ferida
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e ela já quase sem corpo
pediu que parassem
e meteu-se na terra
Sónia Oliveira
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas secaram
partiram-se em esquinas
perderam-se em portas
arrastaram no chão
fizeram-se em pó
por baixo outra casca e outra e outra
casacos de lã em noites de verão
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas quase secaram
deram abrigo
limparam lágrimas
travaram chuva
foram lenço, lençol, ligadura
biombo, cobertura
janela, alçapão
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e as cascas frescas sangraram
sangue ácido, incolor
sangue sem tempo de vida
sangue sem tempo de o ser
sangue que pôs olhos em ferida
larga as cascas, disseram
guarda as cascas, disseram
e ela já quase sem corpo
pediu que parassem
e meteu-se na terra
Sónia Oliveira
E de novo a armadilha dos abraços.
E de novo o enredo das delícias.
O rouco da garganta, os pés descalços
a pele alucinada de carícias.
As preces, os segredos, as risadas
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo as madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre novo
o amor total dos deuses e dos bichos.
Rosa Lobato Faria, in Dispersos
E de novo o enredo das delícias.
O rouco da garganta, os pés descalços
a pele alucinada de carícias.
As preces, os segredos, as risadas
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo as madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre novo
o amor total dos deuses e dos bichos.
Rosa Lobato Faria, in Dispersos
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