sexta-feira, 27 de abril de 2018

A ferida por baixo da cicatriz - quem cura?

Vasco Gato


de cada vez que digo: há um poema nas palavras que não se importaram em pensar-te aquando te espero. que escrevem o teu nome. há um poema nos labirintos traçados, devagar, sobre a pele. no desmembrar dos silêncio. nos olhos como margens do mar em que nos afogamos.

     [são palavras que sopras entre as pálpebras?]

ainda há pouco dizia: a boca que deixas cair tão cheia de vento. que se despenha no meu peito. a boca onde me deposito, abandonada, como um pássaro de fogo.

     [os dedos alinhados, o ar da tua boca quando te respirava]

queria ter dito: entre nós o tempo desenha-se assim, devagar. sem o nome da pressa. inverte-se o gesto do peito rasgado pela vida. paramos de falar, o ar a faltar.

     [é o mar onde cabem todos os caminhos dos sonhos]

morro-me no grito quando as tuas mãos queimam o sangue, quando se passeiam em mim dessa maneira. sinto-o nas veias, o precipício do corpo urgente - pela carne e pelo peso.

     [demora as mãos um pouco mais]

e é sempre a primeira vez que os olhos se descobrem, a sul dos gestos que nos acontecem

Strawberry Iced Tea

http://juliasroomfordessert.blogspot.pt/2011/04/strawberry-iced-tea.html
Salted Cocoa Nutella Cupcakes

http://www.thistlewoodfarms.com/salted-cocoa-nutella-cupcakes
Cansados de inventar palavras
de dar nome ao silêncio
para afugentar tristezas
Cansados de olhar para o céu
rogando que chova
Que a água ou o vento
tragam um gesto que nos devolva a vida
(...)
Optamos por deixar de interrogar as esquinas
por ignorar promessas
Optamos por fim por essa eternidade
que é o esquecimento.

Martha Carolina Dávila


quinta-feira, 26 de abril de 2018

Cuanto te habrá dolido acostumbrarte a mí,
a mi alma sola y salvaje, a mi nombre que todos ahuyentan.
Hemos visto arder tantas veces el lucero besándonos los ojos
y sobre nuestras cabezas destorcerse los crepúsculos en abanicos girantes.

Mis palabras llovieron sobre ti acariciándote.
Amé desde hace tiempo tu cuerpo de nácar soleado.
Hasta te creo dueña del universo.
Te traeré de las montañas flores alegres, copihues,
avellanas oscuras, y cestas silvestres de besos.

Quiero hacer contigo
lo que la primavera hace con los cerezos.

 Pablo Neruda
"that night when you kissed me,
I left a poem in your mouth, and you can hear some of the lines every time you breathe out."

 Andrea Gibson