quinta-feira, 25 de outubro de 2018
Memórias duma Vet
( linguagem impropria)
Entras na carrinha e ligas o GPS para introduzires a morada do domicílio que vais fazer. Abres as janelas, hábito inerente à tua claustrofobia. Uma cabeça masculina assoma :
- Boa tarde doutora! Está a conhecer-me?
(merda... estás de farda, estetoscópio ao peito, não tens safa possivel): - eeeh, sim, acho que sim!
- posso convidá-la para um café?
(continua a olhar para o GPS, a ferver e, oh merda, estás de farda, não podes responder à letra) :- naaah! (com enfado).
- então não nos podemos conhecer?
(ai o catano, merda da farda...): naaah!
- É casada?
(porra, que o gajo é chato e insistente) : sou sim, e não usamos aliança no nosso serviço por questões higiénicas!
- Mas podíamos ir ali conhecer-nos!
(a fúria invade-me, mas a farda...ai a merda da farda... e estar à porta do hospital): naaah!
- Ao menos pode dizer-me o seu nome?
Foda-se, caralho, desampara a loja pá!!!!! Não!
#aiafarda
quarta-feira, 24 de outubro de 2018
Já devorei carne pela carne, só pelo desejar , só pela lascívia e desprendimento. A libertinagem no feminino ( com o outro género acontecerá o mesmo), ter um corpo e ser possuída por um outro corpo. Um acto, dois actos, o espasmo e cada um para o seu lado. Nada de enredos ou compromissos, nada de teias (prefiro as viúva-negra) ou sentimentos profundos. A carne come-se, mastiga-se como num inexistente guião pornográfico ou num épico eyes wide shut. Abre e fecha (close up), fecha e abre … orgasmos, se plural existir, sem diferença entre os novos e os velhos.
Já o amor… “ o amor é fodido”, passo a citação sonante a fast-food … fode-se com sentimento e sem sentimento somos projectados do trapézio para as sarjetas da dor e do abandono. Há quem no entretanto se ate (aqui a expressão seria boundage com dominação)…case ou descase, com casa ( toda a tralha inerente) e fiadores para empréstimo. Corações a aspirantes de uma vida a dois ou a três… a quatro já exige balanço de custas (natalidade sob controle).
Ajuízem-me melhor… amo mas não sou amada. Sofro da invisibilidade que a idade opera.
Amora Silvestre
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