sexta-feira, 2 de novembro de 2018
Deixas
rasto no meu peito durante horas. Dou
com cabelos teus colados, dias depois, à roupa do meu sorriso.
Encontro
nos vincos mais longínquos dos meus dedos o cheiro parado do teu olhar tão móvel.
Procuro-te
nas esquinas dos instantes que passam.
Reconheço-te
no vinco que a ternura deixa na carne do peito domeu olhar, aquele que deito para longe, para outra esquina,de onde recebo mensagens de outro olhar igualmente teu, igualmente meu, reflectido na montra de uma loja do nosso sono.
Manuel Cintra
quarta-feira, 31 de outubro de 2018
talvez seja o entardecer dos meus gestos no teu rosto. talvez sejam as minhas emoções a repousar no regresso dos dias
[no interior das coisas mais líquidas]
queria tanto dizer-te que aqui se inventa o mar de volta, que se inventa o partir, para regressar. que não foi por acaso que as noites ficaram mais claras quando me lembro de cada lágrima, de cada abraço, do sonho presente na nudez da insistência do teu corpo no meu.
[e também nos rios que me inundam e saciam a sede]
partir, partir, aqui, para ficar. no planar das aves, na fragilidade da existência. no percorrer da água nos dedos.
[e depois?]
é a brisa a escorregar entre os dedos para uma nova manhã,
é a imensidão do mar a asfixiar-me em infinito.
ser [linha curva]
só [ último fôlego]
existir.
e a fuga para o sonho seria apagar a memória do agora.
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