sexta-feira, 9 de novembro de 2018
De vez em quando a insónia vibra com a nitidez dos sinos, dos cristais. E então, das duas uma: partem-se ou não se partem Às cordas tensas da sua harpa insuportável. No segundo caso, o homem que não dorme pensa: «o melhor é voltar-me para o lado esquerdo e assim, deslocando todo o peso do sangue sobre a metade mais gasta do meu corpo, esmagar o coração».
Carlos de Oliveira
quinta-feira, 8 de novembro de 2018
Manual de etiqueta
«Não digais: “A minha cona.”
Dizei: “O meu coração.”
Não digais: “Tenho vontade de foder.”
Dizei: “Sinto-me nervosa.”
Não digais: “Vim-me como uma louca.”
Dizei: “Sinto-me um pouco cansada.”
Não digais: “Vou-me masturbar.”
Dizei: “Volto já.”
Não digais: “Quando eu tiver pintelhos no cu.”
Dizei : “Quando eu for crescida.”
Não digais: “Gosto mais da língua do que da pissa.”
Dizei:“ Só gosto de prazeres delicados.”
Não digais: “Entre as refeições só bebo esporra.”
Dizei: “Tenho uma dieta especial.”
Não digais: “Ela vem-se como uma égua a mijar.”
Dizei: “É uma exaltada.”
Não digais: “Quando se lhe mostra uma pissa, fica zangada.”
Dizei: “É uma original.”
Não digais: “É uma rapariga que se masturba até desfalecer.”
Dizei: “É uma sentimental.”
Não digais: “Vi-a foder pelos dois lados.”
Dizei: “É uma eclética.”
Não digais: “Deixa-se enrabar por todos quantos lhe façam minete.”
Dizei: “É um pouco namoradeira.”
Não digais: “Ele entesoa como um cavalo.”
Dizei: “É um jovem perfeito.”
Não digais: “A pissa dele é grande demais para a minha boca.”
Dizei: “Sinto-me uma criança quando falo com ele.”
Não digais: “Ele veio-se-me na cara e eu na dele.”
DIzei: “Trocámos algumas impressões.”
Não digais: “Quando se o chupa, descarrega logo.”
Dizei: “É um repentino.”
Não digais: “Tenho na gaveta doze pissas postiças.”
Dizei: “Nunca me enfado sozinha.”
Não digais: “É uma fressureira endiabrada.”
Dizei: “ Não é nada namoradeira.”
Não digais: “Dá três sem a tirar.”
Dizei: “É um simplório."»
Pierre Louÿs, "Manual de Civilidade para Meninas”.
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