segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

"Uma mulher é sempre um fim. Abre como uma madrugada no meio da noite, fecha como num fim de tempestade. Quando dorme, não se acredita que tenha estado acordada. Quando se dá, não se acredita que tenha pertencido a mais ninguém." Miguel Esteves Cardoso
Faz hoje dois anos que adoptei a minha cadela. Já roeu 24 almofadas. Já roeu 2 capas do sofá. Já roeu 12 mantas. Já roubou jantar da bancada da cozinha uma vez. A casa tem de ser aspirada dez vezes mais do que antes. Já fez cerca de 232 cocós em casa e duas vezes mais xixi. Já me acordou a meio da noite a ladrar para o barulho que ouvia nas escadas, cerca de 30 vezes. Já deixei de ir de férias para fora uma vez por causa dela. Já deixei de ir para onde queria ir porque não aceitavam cães no hotel X ou na casa Y. Já gastei uns 500€ em veterinários, desparasitações, vacinas, operações e medicação. Já gastei mais de 1000€ em ração, biscoitos, ossos. Já destruiu 89 bolas de plástico da loja dos chineses. Já riscou o chão por toda a casa. Já deu 78 puns malcheirosos e fingiu que não era nada com ela. Já fiquei todo arranhado porque tive de andar à porrada com um gato que se atirou a ela na rua. Já 50 pessoas mudaram de passeio porque é um pitbull. Já 10 mitras vieram dar-lhe festas porque é um pitbull. Balanço final: ainda não estou arrependido. De " por falar noutra coisa"
"Uma mulher é sempre um fim. Abre como uma madrugada no meio da noite, fecha como num fim de tempestade. Quando dorme, não se acredita que tenha estado acordada. Quando se dá, não se acredita que tenha pertencido a mais ninguém." Miguel Esteves Cardoso
that's nuts

domingo, 9 de dezembro de 2018

Bailey's Irish Cream and Pistachio Fudge 36 oz white chocolate chips 1 14-ounce can sweetened condensed milk 1/2 cup plus 2 tablespoons Bailey's Irish Cream 1/3 cup pistachios, blanched and chopped (more is okay) Lined a 9x9 pan with foil and lightly grease with butter (or use nonstick foil); set aside. In a heavy-bottom sauce pan over low heat, combine the first 3 ingredients and stir constantly until the mixture is completely combined. Remove from heat and stir in pistachios. Pour into prepared pan and chill until set. Cut and serve.
"a água abriu-se na rosa do teu nome" Helder Magalhães
O menino que carregava água na peneira Tenho um livro sobre águas e meninos. Gostei mais de um menino que carregava água na peneira. A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos. A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água. O mesmo que criar peixes no bolso. O menino era ligado em despropósitos. Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos. A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio, do que do cheio. Falava que vazios são maiores e até infinitos. Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito, porque gostava de carregar água na peneira. Com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira. No escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo. O menino aprendeu a usar as palavras. Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens. Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela. O menino fazia prodígios. Até fez uma pedra dar flor. A mãe reparava o menino com ternura. A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta! Você vai carregar água na peneira a vida toda. Você vai encher os vazios com as suas peraltagens, e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos! Manoel de Barros