sábado, 22 de dezembro de 2018

. Jamais saberei o que A. pensava de mim. Se B. acabou por me perdoar. Por que razão fingia C. que tudo estava bem. Qual a quota-parte de D. no silêncio de E. O que esperava F. se acaso algo esperava. Por que fingia G. sabendo de tudo. O que tinha H. a esconder. O que queria I. acrescentar. Se o facto de eu estar por perto, teve algum significado para J. e K. e para o resto do alfabeto. Wislawa Szymborska

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

You are here. You are. (Laura Makabresku)
Dispo-me de ti, com as raízes a atravessarem-me a pele. Afinal somos feitos de metamorfoses
De vez em quando a insónia vibra com a nitidez dos sinos, dos cristais. E então, das duas uma: partem-se ou não se partem as cordas tensas da sua harpa insuportável. No segundo caso, em que não se dorme pensa: «o melhor é voltar-me para o lado esquerdo e assim, deslocando todo o peso do sangue sobre a metade mais gasta do meu corpo, esmagar o coração». Carlo de Oliveira
Erna and Hrefna, by Ariko Inaoka
Onde há quem tenha a pele tenho a memória, sepultura nenhuma atingirá profundidade igual à desta nudez com quem a pele sempre tem sido hospitaleira. Luís Miguel Nava
se eu me espreguiçar assim, vais perceber que te peço um beijo?