segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

um dia fiz quatro conjuntos de dez anos, a que somei uma pitada de nove.. juntei-os em grupos de tempo e tentei perceber o que me surgia no coração.
vi o caminho, por entre fragmentos de detalhes, repleto de horas, dias e meses e lembrei-me das marcas deixadas e reconhecidas no espelho onde me olho.
é de cima destes meus quatro conjuntos de dez mais nove anos, que olhei um mundo que já me parecia tão diferente. tal como o caminho, tão mais solitário, em cada passo que pisava com mais força e determinação.

(tão crescido que ele está, cheio de suspiros fundos e estrangulados do lado de dentro, horas cheias de sorrisos, o coração cheio de momentos ternos e quentes -  de vontade de fazer de cada momento vivido uma repetição).

sinto-me melhor quando me olho por dentro. com menos medo. e mais bela. apesar de me vestir da mulher serena que ainda não sou.

“Há um bolo onde não vou por velas, porque o tempo ainda não sabe soprar”

puff puff, corre corre
falta só um danoninho assim para 2019

sábado, 29 de dezembro de 2018

"Dogs love their friends and bite their enemies, quite unlike people who are incapable of pure love and always have to mix and hate in their object relations."

Sigmund Freud




Amo-te
por todas as razões e mais uma. Esta é a resposta que costumo dar-te quando me perguntas por que razão te amo. Porque nunca existe apenas uma razão para amar alguém. Porque não pode haver nem há só uma razão para te amar.
Amo-te porque me fascinas e porque me libertas e porque fazes sentir-me bem. E porque me surpreendes e porque me sufocas e porque enches a minha alma de mar e o meu espírito de sol e o meu corpo de fadiga. E porque me confundes e porque me enfureces e porque me iluminas e porque me deslumbras.
Amo-te porque quero amar-te e porque tenho necessidade de te amar e porque amar-te é uma aventura. Amo-te porque sim mas também porque não e, quem sabe, porque talvez. E por todas as razões que sei e pelas que não sei e por aquelas que nunca virei a conhecer. E porque te conheço e porque me conheço. E porque te adivinho. Estas são todas as razões.
Mas há mais uma: porque não pode existir outra como tu.

(Joaquim Pessoa, in ‘Ano Comum’ )

nos dias em que te escrevo vidro e me corto nessas palavra

entre o para cá de ti e o para lá de ti. é entre este rasgar das palavras e o que fica na memória.

pintar a vida com doçura.