segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
há dias em que sou o alimento e o sumo doce da uva,
em que sei a largura dos ossos e a flexibilidade do arco.
às vezes, confundo a sombra dos objectos, a paisagem e os espelhos.
depois tento escrever sobre o pó e os símbolos que conheço e que não conheço.
há caligrafias internas e isso o que é (pergunto) e a noite e a metáfora e eu
apenas sei de vidros, da espuma nos talheres de que já te falei(...)
e pouco mais. há dias em que respiro muito pouco, sabes.
é apenas o músculo que separa o tempo
e entre as coisas está, às vezes, a alegria de tudo.
Susana Miguel
domingo, 3 de fevereiro de 2019
...É assim o mar. Vou aprendendo com as ondas
a desfazer-me em espuma. Há sempre uma gaivota
que grita quando estou perto, sempre uma asa
entre o céu e o chão da casa. Mas nada me pertence,
nem as palavras com que cimento as horas.
Talvez o amor seja uma pequena diferença entre fusos
horários (...) que só existe
no fundo da pele. Mas aqui onde não sou
o que me funda é a certeza que existes.
Rosa Alice Branco
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
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