terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

dialogue with absence _ Chiaru Shioya

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

há dias em que sou o alimento e o sumo doce da uva, em que sei a largura dos ossos e a flexibilidade do arco. às vezes, confundo a sombra dos objectos, a paisagem e os espelhos. depois tento escrever sobre o pó e os símbolos que conheço e que não conheço. há caligrafias internas e isso o que é (pergunto) e a noite e a metáfora e eu apenas sei de vidros, da espuma nos talheres de que já te falei(...) e pouco mais. há dias em que respiro muito pouco, sabes. é apenas o músculo que separa o tempo e entre as coisas está, às vezes, a alegria de tudo. Susana Miguel

domingo, 3 de fevereiro de 2019

{Fernando Assis Pacheco, in CUIDAR DOS VIVOS, ed. Vértice, 1963, p. 46}
Arder é possivelmente das palavras mais bonitas que conheço. Gosto de a ouvir mas, principalmente, de a dizer. Sentir que a língua se dobra e se solta para ocupar os líquidos da paixão. (in o rasto dos cometas)
Cálculo animal
...É assim o mar. Vou aprendendo com as ondas a desfazer-me em espuma. Há sempre uma gaivota que grita quando estou perto, sempre uma asa entre o céu e o chão da casa. Mas nada me pertence, nem as palavras com que cimento as horas. Talvez o amor seja uma pequena diferença entre fusos horários (...) que só existe no fundo da pele. Mas aqui onde não sou o que me funda é a certeza que existes. Rosa Alice Branco
eu tinha um segredo. era sobre ti. melhor, era sobre a saudade. que estava concentrada a conta gotas. mas hoje não houve volta a dar: abri o frasco e as gotas escorreram todas a deixar-me a cara molhada e as mãos vazias.