quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Doeu-me, mas não parei. Li-te até os meus olhos se esconderem. E vi-te. Via-te sempre na tua escrita. Não é um lugar comum nem é como se tivesse sido ontem. Fica já por aqui o assunto antes que resvale porque acabei de me lembrar de uma coisa e esta conversa ia para a maldade para aquilo para a risota. E hoje não estou a pender muito para ela, a risota, desculpa. Sei lá porque é que estou a pedir desculpa, que pergunta. Olha, por causa do delito vital que me traz corcovada, deste erro de se ser triste. Sou, e depois? Bom, é engraçado, agora que penso nisso: nunca fui triste ao pé de ti. Sorriso. Era curiosa, contente, de bem, assustada, meio-medrosa, mas não me recordo de tristesse. Ah, e desiludida, sim, por duas vezes, mas não sei se contam porque não estávamos ao pé um do outro, estávamos de cada lado do messenger. A desilusão foi minha, de mim. Da vez em que te zangaste comigo, lembras-te? Não te zangaste assim como quem estava mau comigo mas de mal comigo, e tiveste um bocado de razão, toda não, mas um bom bocado. Estou quase a redimir-me dessa, tu sabes que sim (sabes?). Passaram quantos anos dessa discussão? Quatro. Cinco. Três. Não sei. O tempo nunca medra. Houve a segunda vez, pois houve, sou exímia a desiludir-me comigo e a sabê-lo no exacto instante, para saborear tudo duma vez. Fiquei com o sol todo na recordação da pele, que é para aprender. Está o dito pelo não dito, para guardar segredos que esgravatem nas horas. Não tenho certeza de ser isto o que fazem as pessoas desconsoladas. Sou cheia das datas, e das cenas, guardo tudo. Ontem fiz tanta palermice, havias de ver. Começando por estar "incompreensivelmente" triste até ao sono imenso que bebi para dentro de não-sei-quantos cafés a tentar esconder essa tristesse. Cena marada. Isto agora ia bem era a escrever a negrito, em azul. Claro. Mas não posso, não mo permito. Sabes o que fiz ontem? Pois. Nada de mais, coisa habituée, afinal. Olha, moço, funciono assim, não me levas a mal, sabes que seria um lapso da mecânica. Quando dei conta do que a minha terceira cabeça ia fazer, e depois de a inverter para evitar a todo custo ferir sensibilidades legítimas, amanhei a tal desculpa que procurei o dia todo. E entrei a ser assim como sou: profundamente triste e desiludida e a rir. Voilá. Todo este estado a negrito, em azul. Fui ler-te, descansada, a magoar-me intensamente. Chupei feridas nos teus poemas. E engoli de lá tudo o que havia de nobre em ti. Com o sol ainda, todo, na invenção da minha pele. ~ azul, Carlos Veríssimo, escrituras, fotografia, in memoriam,
pintar o frio a cores

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

anatomia do Milka
‘To handbag’ is a verb __Moira MacDonald

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

vós suspirais pela posse das externas perfeições; vós cobiçais os deleites, eu cobiço os corações. Bocage
Oh, meu senhor, sabe muito bem que a vida está cheia de absurdos sem fim, os quais, desavergonhadamente nem sequer têm necessidade de parecer verosímeis; porque são verdadeiros. Luigi Pirandello
Saint Laurent Mens