quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

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mãos frias coração quente uma coisa compensa a outra Yes, I do believe in something. I believe in being warmhearted. I believe especially in being warmhearted in love, in fucking with a warm heart. I believe if men could fuck with warm hearts, and the women take it warmheartedly, everything would come all right. It’s all this coldhearted fucking that is death and idiocy. D. H. Lawrence, Lady Chatterley's Lover

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Se cada dia cai, dentro de cada noite, há um poço onde a claridade está presa. Há que sentar-se na beira do poço da sombra e pescar luz caída com paciência. _Pablo Neruda, in ‘Últimos Poemas’
Quando para sempre é amanhã - E até quando pensa o senhor que podemos continuar neste ir e vir de um caralho? - perguntou-lhe. Florentino Ariza tinha a resposta preparada há já cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com todas as suas noites. - Toda a vida - disse. _Gabriel García Marquez, amor nos tempos de cólera Toda a vida, é sempre muito pouco
"and i go where the trees are" _joanna newsom, en gallop
Brochantite and Linerite
http://www.irocks.com/minerals/specimen/13189

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Esse teu mundo, de que te orgulhas tanto, não sei se tem a paz do ramo seco onde a lagarta faz o seu casulo. O corpo, é certo, «todo de olhos feito», é o mais belo e mais sensível fruto da natureza, e a todos causa espanto; e tens, dentro do crânio, um arbusto pensante, prodígio de design e invenção, com que às vezes tu pensas, outras não. E a tua voz, concedo, tem do mel toda a doçura, e o veneno, e não a alcança o chão cantar do grilo, nem o silvo vulgar de aves volantes. Mas vejo como o escondes, esse corpo, e o julgas precioso e permanente, e como perde o brilho com a idade, e se desfaz em nada, de repente; como o mutilas, em silêncio e medo e recusas, e tratos, e contratos, e assim de dia a dia te transformas em fumo fátuo sem calor nem chama. Não assim nós. A vã formiga, mesmo, carregando penedos e montanhas, é mais forte que tu, e mais discreta, e o cru automatismo que vês nela é só mudo louvor da natureza. E tu, da tua voz, a doce, o que fizeste? Que lâminas e pregos lhe puseste; de que arame farpado a rodeaste? Enquanto calados, nós, não nos mentimos tanto. Não que sejamos santos; também eu, o mais sábio de todos os insectos (aracnídeo seria mais correcto; faço-me aqui servir do que me excede), asceta, anacoreta, e confessado adepto de rigorosa dieta vegetal por respeito da vida no universo, às vezes, numa raiva de apetite, lanço os meus fios de caça, e apanho algum bicho menor, algum mosquito, a consumir, de preferência, em verso. Mas vê: está vazio o casulo, aberto por uma ponta, em círculo perfeito, e da lagarta só ficou um resto de pele morta, branca como a tua; vem tu, humano, transformar-te em ave, sem temor nem cautela, e em silêncio; já a conversa fez que me escapasse o voo inaugural da borboleta. António Franco Alexandre (in Aracne, Assírio e Alvim)