sexta-feira, 17 de abril de 2020

há horas em que estar feliz é uma ferida que só o sono acalma

quarta-feira, 15 de abril de 2020

previsão do estado do corpo para hoje: - os olhares perdem-se junto das árvores caducas - sopra com toda a força o que nasce de um encontrão dum vento - toda a paisagem que atravesso dá a volta ao mundo na ternura dos teus olhos - choverá muito, eu sei, quando se desfazem as palavras ao ler-te na pele.

sábado, 11 de abril de 2020

o teu nome. a memória. e as horas
dizer-te do ruído insaciável do corpo indecifrável. dizer-te da devastação da pele. viver-te por entre o cheiro do tempo que tudo sabia e nada disse. respiro-te por entre as vozes

segunda-feira, 30 de março de 2020

sem te saber perguntar pela ausência, descoses palavras na melodia dum instante. não te iria dizer que me provocas tempestades que se entranham nas crateras da pele.

quarta-feira, 25 de março de 2020

é o dia em hora cinza-prata, a impregnar-me das palavras segredos que envolvem o olhar. é o corpo que fica vazio, o medo que o invade em sossegos prolongados. é o coração que se encontra de costas.
deixei que fosses e os olhos, os olhos no bater das horas a transformarem-se em asas. [a lembrar os silêncios dos minutos amurados, os silêncios a morrer no que se fragmenta. a encontrar a outra metade, a respirar palavras com dicção do cheiro a pele]. dói-me o peito. esvazio-me nos segredos de uma pedra, que fala a língua do sussurro [quando os ventos não sabem dos pássaros] devagar abro o coração. arranco de mim a dor que enraíza no corpo a espera. as palavras que nunca escreveremos - entre nós - como se tudo fosse uma metáfora sem fim. [entre isto e um mar a perder de vista, a ponte entre o silêncio e o nada. daríamos sempre pelo mais pequeno engano. as águas de gestos confundidos onde nos afogamos, os gestos das súbitas espera, perdidos nos ruídos da manhã.] muitas vezes sinto nas mãos o calor do teu corpo inteiro. se fechar os olhos sinto-te dentro de mim. em vagas. sem me mexer. ardor nos olhos. os espamos dos músculos. o cheiro. o suor. as lágrimas. guardamos o sentido com a avidez do vazio, gaguejamos o segredo, língua a língua. [é a minha voz, é a tua?] nada existe - nada pode - nada prende, quando me lanço na tua pele onde respiro. contigo sou completa. contigo que sabes do ontem e do caminho que significa não nos ter em companhia nas horas perdida... e escrevo o lado quente das tuas mãos