quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

não há previsão para um tempo a escrever-se lento. o sobressalto translúcido
da palavra medo. quando os dias desaguam no choro, exaustos de exaltação que me vem por não saber o que fazer disto. 
devias estar aqui, rente à minha pele, a cabeça encostada no meu peito - a paixão do lado esquerdo. e com todas as forças que os nossos dedos conseguem. a inclinar os corpos para o voo rasante.

 [tum-tum/tum-tum, o frémito cardíaco acelerado pelo teu sorriso]

viver a ternura na dimensão do poema. o tempo, o tempo a escrever-se lento, quando sou tudo e nada, quando o amanhã é o futuro onde estaremos mais próximos. quando me lanço na tua pele a saber das horas perdidas e da dor que significam pontos cardeais e azimutes. 
não moro nas palavras que não sinto, quando tu vens a entrar no poema e eu passo o teu nome da minha boca para os meus olhos. quando dou a mão ao espaço que corre para nós.
contigo sou completa. sou céu e rio. sou o choro de todas as palavras que nos chegam fora do tempo. sou o tremor que nos invade o desejo, quando desapareces entre as linhas

[a boca a escorregar no silêncio. o coração a saltar no peito]

todos os lugares são demasiado longe de ti
e eu quero ficar perto.


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