e tocar-te assim com vidro de permeio
beijar-te os cristais de açúcar que trazes presos nos olhos
pousa quando quiseres no meu para
peito
estarei sempre pronta para a fotografia
Sónia Oliveira
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
é amargo o coração do poema que se escreve de desejo
ao cair da noite
tal como amargo é o sangue que nunca para de correr
nas mãos que desenharam caminhos nas veias
a minha mão esquerda, que em cima solta as estrelas
por de dentro dos teus cabelos.
e, em baixo, a outra
a que se enlaçada na tua
(onde começa uma e acaba a outra?)
sinto a tua pele a fertilizar a escuridão
feita de amargo. Amargo, amargo, o sangue,
do saber-te por perto a escrever-me o mundo todo.
(a respiração? como sempre, síncrona)
apenas
O Outono come a sua folha da minha mão: nós somos amigos.
Nós descascamos o tempo às nozes e ensina-mo-lo a andar:
o tempo retorna à casca.
No espelho é domingo,
no sonho dorme-se,
a boca fala a verdade.
O meu olhar desce até ao sexo da amada:
nós olha-mo -nos,
dizemos coisas obscuras,
ama-mo-nos como papoila e memória,
dormimos como o vinho nas conchas,
como o mar no clarão sangrento da lua.
Estamos abraçados à janela; eles olham-nos da estrada:
é tempo de saber!
Tempo para que a pedra resolva florescer,
para que um coração bata inquieto,
É tempo de ser tempo.
É tempo.
Paul Celan
Nós descascamos o tempo às nozes e ensina-mo-lo a andar:
o tempo retorna à casca.
No espelho é domingo,
no sonho dorme-se,
a boca fala a verdade.
O meu olhar desce até ao sexo da amada:
nós olha-mo -nos,
dizemos coisas obscuras,
ama-mo-nos como papoila e memória,
dormimos como o vinho nas conchas,
como o mar no clarão sangrento da lua.
Estamos abraçados à janela; eles olham-nos da estrada:
é tempo de saber!
Tempo para que a pedra resolva florescer,
para que um coração bata inquieto,
É tempo de ser tempo.
É tempo.
Paul Celan
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