segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

ter 4 gajos é

- Leonor, posso contar-te uma anedota?
Sabes qual é o cúmulo dos cúmulos?
(meeeedoooo)
É o mulo e a mula a fazerem amor e esta grita: aí é o cu, mulo!

(Tomás Forreta - 10 anos)
{ entre sonos e silêncios, sobram mãos a tecerem beijos }

falta-me metade da vida que pede demoras, metade dos olhares a despontar em bruto, metade da nossa pele - 


que 
se 
dá 

- quando tropeço na memória.
falta (-me) o

abismo das palavras que nos constroem, ilhas onde se esgravatam raízes.
falta-me o corpo depois do abraço, o regresso que se transborda peito afora, o regresso onde nascem as palavras e onde me reconstruo 

permanecer 
por 
dentro






Wherever you're going, you're still gonna be here.

Jordan Melamed



Matilde Campilho



London Showgirls - 1967
um dia fiz cinco conjuntos de dez anos, a que somei uma pitada de nada. juntei-os em grupos de tempo e tentei perceber o que me surgia no coração.
vi o caminho, por entre fragmentos de detalhes, repleto de horas, dias e meses e lembrei-me das marcas deixadas e reconhecidas no espelho onde me olho.
é de cima destes meus quatro conjuntos de dez e mais outra dezena, que olhei um mundo que já me parecia tão diferente. tal como o caminho, tão mais solitário, em cada passo que pisava com mais força e determinação.

[tão crescido que ele está, cheio de suspiros fundos e estrangulados do lado de dentro, horas cheias de sorrisos e coração cheio de momentos ternos e quentes _ de vontade de fazer de cada momento vivido uma repetição]

sinto-me melhor quando me olho por dentro. com menos medo. e mais bela. apesar de me vestir da mulher serena que ainda não sou.

“Há um bolo onde não vou por velas, porque o tempo ainda não sabe soprar”

(30/12/2017 - meio século! )


domingo, 31 de dezembro de 2017

No hábito de te encontrar preso nas palavras
tento fixar-te em folhas de papel
aí não invento sorrisos
fixo palavras nas linhas,
onde pouco a pouco,
a noite cai
Atravesso-a numa caligrafia manchada pela inocência
escrevo letras redondas, onde és uma sombra
na cor que escolho para as sílabas
e quando as palavras se gastam
ossificam-se em lágrimas secas
Em busca de palavras perdidas
na humidade dos olhos
confundem-se metáforas barrocas
onde o teu nome amanhece abafado
O contorno das sílabas sabe a pele em horas de imitação
onde os dias se devoram em letras invertidas
e palavras nuas, da cor da tinta, respiram sonolentas
São paisagens de vozes escritas
alimentam-se da luz entre a tinta e os dedos
Afinal o perfil do silêncio é apenas uma longa palavra por escrever

Maria Lolita Sousa