domingo, 31 de dezembro de 2017

No hábito de te encontrar preso nas palavras
tento fixar-te em folhas de papel
aí não invento sorrisos
fixo palavras nas linhas,
onde pouco a pouco,
a noite cai
Atravesso-a numa caligrafia manchada pela inocência
escrevo letras redondas, onde és uma sombra
na cor que escolho para as sílabas
e quando as palavras se gastam
ossificam-se em lágrimas secas
Em busca de palavras perdidas
na humidade dos olhos
confundem-se metáforas barrocas
onde o teu nome amanhece abafado
O contorno das sílabas sabe a pele em horas de imitação
onde os dias se devoram em letras invertidas
e palavras nuas, da cor da tinta, respiram sonolentas
São paisagens de vozes escritas
alimentam-se da luz entre a tinta e os dedos
Afinal o perfil do silêncio é apenas uma longa palavra por escrever

Maria Lolita Sousa

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