quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

abraço o desígnio do meu mundo. a rodar para dentro. a felicidade a regressar nos dias. a ser percorrida em pequenos golos.
é o amor, neste tempo. a repetir-se numa pontuação liquida. o amor que se escreve, sem desenhar o destino.

[ traçado electrografico da turbulência dos lábios]

respirar o rumo - rota,  entre uma batida e a outra. os pequenos precipícios a desabotoar a pele. as palavras a esvoaçar no mesmo comprimento de onda - desmesuradas - adopto-as e apaixono-me por elas.

[conferir à língua um sentido, humedecer os lábios]

são vagas, que aliviam a fadiga: suspendem silêncios, tornam-se oblíquas. e escorrem a respirar o sangue,

[ tatuar o teu corpo no meu]

tornam-se vida e cama.
hei-de abraçar o desígnio do nosso mundo e conferir aos dias ecos desconexos.

[ até quando, até quando ? - o futuro em cada gesto]

                     (❤ de Stravinsky )














self-burial

© Keith Arnatt, 1969
Planet Earth

by Marcus Carlsson

“Eat Your Heart Out" by Milena Semproni"
mãos frias coração quente  e uma coisa compensa a outra

Yes, I do believe in something. I believe in being warmhearted. I believe especially in being warmhearted in love, in fucking with a warm heart. I believe if men could fuck with warm hearts, and the women take it warmheartedly, everything would come all right. It’s all this coldhearted fucking that is death and idiocy.

D. H. Lawrence, Lady Chatterley's Lover



José Paulo Paes in "Anatomias" (1967)
Envio-te
mensagens telepáticas que repito sete vezes seguidas.
Há palavras gastas que não escrevo nem digo há tanto tempo,
como: Amo-te muito. Meu amor, que saudades, vem depressa.
E outras ainda mais gastas que digo todos os dias,
como : Foda-se esta merda (somos do norte e não somos
castos nem cautos na linguagem)

Inês Lourenço