*um dia deixei que me roubasses a alma,
foi quando as minhas mãos aprenderam a te encontrar*
(25-5-2017)
sexta-feira, 25 de maio de 2018
quinta-feira, 24 de maio de 2018
O meu homem adormeceu há pouco. Está virado para o lado esquerdo, como sempre. É das coisas que mais gosto: vê-lo dormir. Assim como o menino do meu lado da cama, virado para a direita e eu ao centro. Eu sou o epicentro desta casa e tremo muito. Não estava preparada para ser centro de nada e ninguém depender de mim. Não me tinha apercebido de como era ser mãe porque nunca o tinha sido. Achei que tudo estava preparado no meu berço uterino. Que ia ser fácil criar laços e que as responsabilidades surgiam nas contracções de parir. Que a partir daquele instante da expulsão, iria conseguir superar todos os desafios. Afinal, todas as mães são super-mulheres e só isso importa. Sermos capazes de superar todas as expectativas e tornarmo-nos seres invencíveis dentro das nossas quatro paredes.
O pior, é por dentro. Não consigo ser mãe e mulher ao mesmo tempo. Ando desgastada à conta disto e também muito por culpa da cicatriz que ficou dentro, escondida. Algo morreu em mim durante o parto. A dor inerente ao processo deixou-me vincos no desejo. Enrugou-se tanto que de repente penso ter oitenta anos e um corpo a condizer. O espelho dói-me muito, mas segundo me disseram dói a todas as mulheres que parem.
A semana passada, tentou tocar-me no sofá, tal como fazíamos quando o Afonso era um projecto a desenvolver. Afastei-lhe a mão bruscamente e disse-lhe que agora não podia ser. Lembro-me de falar no menino a dormir e da mamada que teria de preparar a seguir. Mamas que dão leite não são para beijar ou aquecer. Sorriu também ele um pouco, talvez nervoso, talvez conformado com a minha pouca vontade dele. Emudeceu, foi para o quarto, jogando copas solitárias até às tantas e eu a jogar espadas contra o meu ventre por não me apetecer. Esperei pacientemente até o clique desaparecer e ser substituído por um leve assobiar respiratório.
Ando há demasiado tempo nisto de sentir que o meu corpo não é merecedor de beijos, mas apenas a sucção de filhos. Que o sinto é um facto e sei que um dia destes o vou ter de assumir. E sei também que o meu homem, que dorme sem questionar as minhas rejeições, irá ouvir o meu corpo com o ouvido encostado ao meu ventre ainda inchado e escutará o eco do meu útero a dizer-lhe: vem, estou à tua espera.
Marta Tavares
O pior, é por dentro. Não consigo ser mãe e mulher ao mesmo tempo. Ando desgastada à conta disto e também muito por culpa da cicatriz que ficou dentro, escondida. Algo morreu em mim durante o parto. A dor inerente ao processo deixou-me vincos no desejo. Enrugou-se tanto que de repente penso ter oitenta anos e um corpo a condizer. O espelho dói-me muito, mas segundo me disseram dói a todas as mulheres que parem.
A semana passada, tentou tocar-me no sofá, tal como fazíamos quando o Afonso era um projecto a desenvolver. Afastei-lhe a mão bruscamente e disse-lhe que agora não podia ser. Lembro-me de falar no menino a dormir e da mamada que teria de preparar a seguir. Mamas que dão leite não são para beijar ou aquecer. Sorriu também ele um pouco, talvez nervoso, talvez conformado com a minha pouca vontade dele. Emudeceu, foi para o quarto, jogando copas solitárias até às tantas e eu a jogar espadas contra o meu ventre por não me apetecer. Esperei pacientemente até o clique desaparecer e ser substituído por um leve assobiar respiratório.
Ando há demasiado tempo nisto de sentir que o meu corpo não é merecedor de beijos, mas apenas a sucção de filhos. Que o sinto é um facto e sei que um dia destes o vou ter de assumir. E sei também que o meu homem, que dorme sem questionar as minhas rejeições, irá ouvir o meu corpo com o ouvido encostado ao meu ventre ainda inchado e escutará o eco do meu útero a dizer-lhe: vem, estou à tua espera.
Marta Tavares
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Magic cake: bolo em 3 camadas!
INGREDIENTS
4 eggs (separate yolks from whites) at room temperature
1 tsp vanilla extract
150 g (3/4 cup) sugar
125 g (1 stick or ½ cup) butter, melted
115 g (4 oz or ¾ cup) of all purpose flour
500 ml (2 cups) milk lukewarm
powdered sugar for dusting cake
http://www.jocooks.com/bakery/cakes/magic-cake/
http://ideascute.net/magic-cake.html
INGREDIENTS
4 eggs (separate yolks from whites) at room temperature
1 tsp vanilla extract
150 g (3/4 cup) sugar
125 g (1 stick or ½ cup) butter, melted
115 g (4 oz or ¾ cup) of all purpose flour
500 ml (2 cups) milk lukewarm
powdered sugar for dusting cake
http://www.jocooks.com/bakery/cakes/magic-cake/
http://ideascute.net/magic-cake.html
Credo
Creio no Homem todo-poderoso
Inventor da pastilha elástica
Do Prozac, do soutien sem alças
Do colchão de água, do preservativo
Do silicone e do airbag.
Creio na Maria sempre virgem
Hímen reconstruído
Inseminação artificial
Cesariana com epidural
Mãe sem pecado
Virgem e original
Como se nunca fora tocada.
Creio no homem novo
Que nasceu Manel e é Maria
Pénis removido por cirurgia
Sexo novo e funcional
Implante mamário e labial
Tudo no sitio e operacional.
Creio no Homem
Criador de todas as coisas
Das maiores às mais pequenas
Das divinais às obscenas
Porque a todas o homem quer
Hoje e para sempre
Ámen.
autor desconhecido
Creio no Homem todo-poderoso
Inventor da pastilha elástica
Do Prozac, do soutien sem alças
Do colchão de água, do preservativo
Do silicone e do airbag.
Creio na Maria sempre virgem
Hímen reconstruído
Inseminação artificial
Cesariana com epidural
Mãe sem pecado
Virgem e original
Como se nunca fora tocada.
Creio no homem novo
Que nasceu Manel e é Maria
Pénis removido por cirurgia
Sexo novo e funcional
Implante mamário e labial
Tudo no sitio e operacional.
Creio no Homem
Criador de todas as coisas
Das maiores às mais pequenas
Das divinais às obscenas
Porque a todas o homem quer
Hoje e para sempre
Ámen.
autor desconhecido
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