terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Há livros que falam baixinho, há livros que falam alto. Uns têm por si o encanto outros a força. Às vezes as palavras murmuradas impressionam mais: passado tempo ainda acordam em nós fibras adormecidas. Raul Brandão
“Eu disse: Agarra a minha mão. Por favor agarra a minha mão com a tua. Antes de te olhar, antes de descobrir a tua cara, os teus olhos, a tua perplexidade, antes de te olhar pela primeira vez, antes de te olhar, antes de mais nada, agarra a minha mão. Recebe a minha mão. Dá-me a tua mão. E tu não hesitaste e não perguntaste e não analisaste e não fizeste contas à vida. Sorriste só. A minha mão esquerda e a tua mão direita. Duas mãos segurando-se uma à outra. Duas mãos a dançar. A tua mão grande, os dedos compridos, esguios, firmes, a agarrarem a minha mão com força, a pegarem e a largarem e a apertarem outra vez e a fazerem vibrar todos os nervos do meu corpo e a darem mil voltas por trás e pela frente e pelos lados, os teus dedos entrelaçados com os meus, a abraçarem, a colarem as nossas mãos. E depois, as mãos soltas e os dedos a desbravarem os secretos caminhos entre as linhas da vida nas palmas das mãos e os braços e os antebraços nus a acompanharem a dança. São precisos dois para dançar o tango. Não era uma valsa, não. Era um tango. Um tango argentino dançado na perfeição pelas mãos de dois desconhecidos. Sem palavra alguma. nenhuma era precisa. Duas mãos a dançar. Dois estranhos segurando-se pelas mãos. Duas mãos a fazerem amor. As mãos de dois estranhos faziam amor. As mãos faziam amor. Faziam o amor.” in Mãos, Asfixia, Pedro Paixão
"A vida é um sopro." Oscar Niemeyer
IMENSA a certeza tu, de que és.
Como eu gosto de ti, ninguém o entenderia. Nem a cama esvaída que me obriga a desprender-me do corpo noutras roturas nocturnas e azedas. Nem a solidão taciturna que escorre devagar nos chuviscos flamejantes do amor. Como eu gosto de ti, nem o mundo o aceitaria. As árvores trépidas, os animais ferinos, a cadência dos lagos, mobília sisuda que ganha a morte sobre o couro crestado. Como eu gosto de ti, só a melodia do poente trova. E se a antemanhã sucumbe nas copas das sequóias - ricocheteando como uma bala célere - perfurando como um comboio alucinado - a incerteza dos teus sinais desmancha-se sobre os meus lençóis na loucura do leito. Como eu gosto de ti, só eu sei, de dentro para dentro, como um confim de baús entreabertos às galáxias chamejantes do céu da boca. Como eu gosto de ti, segredando-me da voz o rasto da tua presença, pernoitando-me de corpo fixo e amor esquivo, a temperança das tuas enchentes. Alice Turvo
Sugestão para o jantar: Batatas cozidas (ou assadas) num tabuleiro. Por cima coloquei pimento picado, reguei com azeite, temperei com sal grosso e pimenta e levei ao forno. Quando estavam quentes, coloquei os ovos e temperei os mesmos com pimenta e sal a gosto. Polvilhei tudo com migalhas de pão (sugestão: substituir por broa de milho) e coentros. Em opção aos coentros da próxima vez coloco queijo.
Empanada Fazer massa de pão. Numa frigideira colocar 2 cebolas grandes às rodelas, azeite, metade dum pimento vermelho picado, 3 dentes de alho, 1 ou 2 cravinhos, folha de louro, colorau, sal e pimenta a gosto. Deixar cozinhar bem. Forrar tarteira com a massa, deixando o suficiente para depois tapar. Colocar o preparado anterior no fundo, reservando o molho. Por cima dispor carapaus ou sardinhas pequenos (sem cabeça/espinha), ou filetes dos mesmos. Pode ser feita com carne picada ou restos de carne assada (peru, por exemplo). Forrar com massa, fazendo no centro 3 furos mais largos. Levar ao forno e ir colocando ao longo do tempo o molho reservado através dessas aberturas.