terça-feira, 8 de outubro de 2019

O "Discurso do Papel Higiénico" - FMV(ESMV)/UTL (do mural da colega Anabela Santos Moreira) Quem o ouviu/leu relembra-o! quem não o conhece aprende! E faz o favor de nunca esquecer que os LOCAIS são muito importantes, mas quem os faz são as PESSOAS, por isso Escola Superior ou Faculdade, Gomes Freire, Alto da Ajuda ou onde quer que cada um se encontre são os MOMENTOS que ficam para sempre, e que de vez em quando saltam do "... fundinho do baú..." Para quem não sabe que "discurso" é este, aqui fica o resumo: depois dos maiores "sustos" da vida, os caloiros estavam em ponto de rebuçado para ouvirem "as boas vindas", escolherem o padrinho/madrinha e "levarem com o osso". Aqui vai: "CALOIROS Vós que sois a fina flor do esterco desta Escola, exemplo acabado da descida tenebrosa do ser humano; vós que ireis ser o fruto apodrecido da vilania dos professores e não só...; vós, seres infectos, até agora saprófitas do paganismo propedêutico, mal criadamente educados; vós que sois a prova da falibilidade dos métodos de contracepção; vós que inegaBelmente não merecereis mais do que vegetar no charco imundo, da mediocridade intelectual; vós que devereis mergulhar no excremento do nosso descontentamento; vós que ireis receber porrada e rédea curta, até dizer chega; vós que vos identificais com tudo o supracitado, não relaxeis os vossos esfincteres anais, levados pelo temor que tais afirmações vos possam provocar!!!! Acabais de entrar na mais prestigiosa, honrada, pura, incomensurável, inegáBel, tranCendente, auto-selectiva, independente, garbosa, viril, acutilante instituição académica que Deus no Mundo criou. Fostes vós, caloiros, os entre milhares, eleitos para continuar a árdua tarefa de fazer presuntos, tratar piriquitos, enfim... veterinar por esta sociedade de vícios virtuosos e nobres públicos. Estaides vós aptos para suportar, corajosamente, o peso da frase "in vino veritas"? Estaides vós hepaticamente preparados para ingerir na nobre tasca da Benta* quantidades apreciáveis do suco de cevada (Sacaromices carlsbergiensis), sem que o vosso tracto genito-urinário o acuse sob a forma de incontidos rebulhões? Estaides? ESTAIDES? Botai a mão na vossa infecta consciência e respondei-me com a ponderança e a ombridade que não tendes: NÃO ESTAIDES!... "Alea jacta est! Veni, vidi, vici! Per tutti questum est que nós garbérrimos denominados, braço-fortenssicamente**, veteranos vos vamos educar aturadamente. Consta a vossa aprendizagem de: - Sofrer maquinal e matinalmente com o regurgitar de ciências previamente e honestamente digeridas pelos nossos, do peito, mestres. - Hidratar padrinho (madrinha) com o já atrás referido e, por Deus já apetecido, suco de cevada, até que este se redima de alguma vez ter pretendido tomar-vos sob sua custódia veterana e sapiente. - Ser apalpados(as) no vosso âmago pela mão calorosa e amiga do(a) vosso(a) padrinho(madrinha), que sem ter qualquer obrigação de vos aturar, já que não vos fez a cabeça, deseja apenas beber convosco da taça socio-culturo-intelectual do néctar baril e do inebriante ambiente noitivago-pneumogastro-entero-recto-genito-hipofisário da noite alfacinha. - Sofrer com castidade sem levantar a voz, ou outros ruídos interiormente produzidos, o paleio Aliciano*** - Venerar à hora do repasto, o nosso mui nobre DOMINGUS CONDUZNOS**** - Receber todos os conhecimentos matraquilhanos, necessários para não envergonhar a instituição académica nos campeonatos nacionais Ides em seguida ser apadrinhados (amadrinhados), tomaide pois em consideração o que vos disse para que a vossa escolha seja plena de responsabilidade e símbolo vivo do vosso sim!SIIIIIIIIMMMMMM, porque isto não é uma choldra! CALOIROS BAILLANDUM EST! VETERANUS APOSTUM GOZARAM UNT PADRAE IN EXCELSIUS ADORATUM!!!" E depois todos (incluindo caloiros) juntavam vozes para "PESTE, CARBÚNCULO, MAL RUBRO E URTICÁRIA, NÃO HÁ MALTA MAIS PORREIRA QUE A MALTA DA VETERINÁRIA!!! VETERINÁRIA CILINDRA!!!!!!!!! VETERINÁRIA CILINDRA!!!!!!!!!! VETERINÁRIA CILINDRA!!!!!!!!!" notas da transcrição, para os "mais recentes": *Cantina onde a D. Benta reinava Referência ao Professor cuja cadeira era feita, em muitos casos, muito para lá dos regulares 5 anos D. Alice da secretaria da AE, que quando engatilhava não parava até o carregador estar vazio O saudoso Domingos, grande motorista que conhecia todas as boas tasquinhas desde Lisboa a Santarém, Golegã, Évora... sempre pronto a "fazer o jeito" de convencer os profs a fazer um "desviozito" para "aconchegar o estômago e molhar a garganta" Anabela Santos Moreira

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

gota a gota [es] corre a vida
é madrugada. devagarinho esperei, meio corpo debruçado sobre a vida inteira, que o poema surgisse. que a distância do meu corpo às horas impossíveis fosse o grito que antecede o fim - ténue. na pele, reverbera a memória que arde quando penso o tempo, desaprendidos os [meus] vazios na tentativa do sonho. os medos devorados pelas veias devastadas no fluxo dos [teus] olhos. esperei, meio corpo debruçado sobre o amanhecer contínuo, a vida que me deixa sempre num improviso - no côncavo das mãos, no sopro ao meu ouvido. um dia, [meio corpo] debruçada sobre o futuro, confundirei pele e água, ritos e acordares contigo nos lábios. olharei a vida, em que me debruço [meio corpo] entre os silêncios de gestos parados. [meio corpo], debruçada no percurso esperado, vou escrever-te todos os amanheceres, todos os abraços que me deste ao vento, todos os sorrisos atabalhoados de emoções. tudo o que desaprendi no eco da minha garganta - em cada palavra, o teu nome respirar - todos os dias, tantos dias, um dia [este dia] vou amar-te sempre e escrever para dentro de ti a anatomia do silêncio.

domingo, 6 de outubro de 2019

eu rio. eu parada. a navegar
estou aqui a ser a tua ausência. pesas-me nos lábios como se nascesses de novo de uma metáfora antiga. as mãos abertas [as tuas, as minhas], para conseguir-te mais dentro do vento a atravessar a pele. é a água que sai do corpo e é um rio, é o teu nome, a memória e as horas no desapertar do abraço. dispo-me de ti numa língua que o meu corpo entende. apago a memória do agora, com as palavras a rasgar até ao osso. és o indicativo do verso que declino por dentro da pele, em fome e sede, no poema que nasce no céu da boca. do peito que fica cheio [é difícil o respirar] quando cravo os dedos [gastos] , na escrita que irrompe voraz no teu corpo. escrevo a língua dos vocábulos, a sílaba do amor quando o verso cresce em paredes que me derrubam. para conseguir-te mais dentro - do poema.
"houvesse alguém capaz de recordar a dor. ninguém. é apenas possível recordar-se a sua ocasião e os seus acessórios. bem como os prazeres. nunca te será possível recordar a sua qualidade efectiva. não há uma recriação do momento. isto é para o bem ou para o mal. assim, as dores e os prazeres são novos de cada vez que os provamos." Marta Gil

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Don't take it too seriously. Hold on tightly, let go lightly." (Peter Brook)