segunda-feira, 16 de março de 2020
alimento-me de histórias que se contam - em cada parágrafo uma sílaba, em cada olhar a respiração.
alimento-me do silêncio que me rasga com unhas famintas, numa calma cheia de erros - a ternura nas palavras onduladas pela tua boca.
peço sempre por favor em cada encontrão do vento, nas horas cosidas que demoram em voltar, quando digo que não existe o viver sem ti.
abraça-me e diz-me que tudo o que se cola à pele rima com o medo. que a ternura é a tristeza do que não se entende e que do lado duro da dor são os dias que não se aceitam..
[por enquanto, permeável e transparente, sílaba a sílaba
o medo a rimar na ausência]
.
domingo, 15 de março de 2020
o teu corpo
o teu sorriso
o meu corpo enroscado no teu sorriso
é a nudez coberta de memórias
[permitir que o destino nos encontre, nesta noite que me brilha nas mãos]
o meu corpo. frágil na ternura do amanhecer, imita as horas em que o vento se escreve na pele.
devagarinho esperei que surgisse um poema no planar das aves.
é a brisa a escorregar por entre os dedos - todos os caminhos que vagueiam nas minhas mãos, são a imensidão do mar.
vou amar-te para sempre, disse, vou esperar que o amanhecer me devolva o exemplo das águas.
vou...
e ser.
sexta-feira, 13 de março de 2020
a lembrar os silêncios dos minutos amurados, os silêncios a morrer no que se fragmenta. a encontrar a outra metade, a respirar palavras com dicção do cheiro a pele. dói-me o peito. esvazio-me nos segredos de uma pedra, que fala a língua do sussurro
[quando os ventos não sabem dos pássaros]
"e há restos de ti nas palavras que me povoam..."
hoje é sexta-feira. hoje
[por enquanto]
permanecem os estilhaços sob a epiderme.
a cada sexta-feira o medo rima com a ausência e há uma fraqueza a querer ser poema.
trago no peito um coração que sangra nos vazios por preencher.
respiro solidão e responde-me o silêncio, quando a aflição se faz amante da desordem do amor.
hoje é sexta-feira e respiras-me o meu nome. tudo está igual, permanece o toque na pele e o teu cheiro, o teu olhar a transpor-me todos os silêncios
é o pesadelo a desarrumar-se em conforto
é o coração a bambolear-se em saudade
é o pânico feito noite na esperança duma vida em retalhos
é o vento tricotado em amanheceres contínuos
é o corpo dentro do sonho por hoje ser sexta-feira
é o tudo e é o nada.
percorro o meu destino quando que dizes que me amas]
quinta-feira, 12 de março de 2020
poderia dizer-te que quando chegas com a lua no peito, por dentro do coração rebenta uma anarquia rítmica. o sangue sacode-se em vocábulos e preenche-se no indizível do vazio com gestos de ternura.
poderia dizer-te que as mãos seguem pela água e pelos dias, percorrem o destino dos silêncios sem pressa na espera, sem horário de volta.
acendes o cigarro e eu procuro-te a vontade lenta dos beijos ao longo da pele, do molhado das palavras quando me dizes que me amas.
és a brisa, o mar e o céu onde nascem poemas, quando me sopras do meu lado esquerdo.
e eu sou este destino, com a boca a saber a noite.
queria dizer-te. e não o disse. com o olhar de quem sabe que o ontem é para lembrar com um sorriso, e para desejar na vontade. porque me cantaste doçuras da pele, sem pressas
[vou de encontro ao teu prazer. tu, vens de encontro ao meu]
dizer-te. com as palavras para lá das palavras. que a vida é cheia de escolhas e que a pele serve de céu ao coração.
Subscrever:
Mensagens (Atom)